A espera de longos anos para ter o sonho realizado, não fez com que o operador de máquinas desistisse de fazer o tratamento e a cirurgia para mudança de sexo. Casado há um ano e três meses com uma mulher, o paciente disse que nunca teve problemas em seus antigos relacionamentos.

“Sempre namorei com mulheres e nunca tive nenhum problema. Sempre me considerei homem, mas agora sei que poderei ter uma vida normal”, disse.

De acordo com informações do próprio paciente, ele nunca pode procurar ajuda para o tratamento adequado pois não tinha condições. “Quando meus irmãos foram embora de casa, fiquei sozinho com meus pais e aí tive que trabalhar para poder manter minha casa”, completou.

O paciente se recupera da cirurgia a que foi submetido na segunda-feira para mudança de sexo. A cirurgia de transgenitalização de desforia de gênero, do feminino para o masculino foi a primeira realizada no interior.
“O pós-operatório é tranqüilo e sem dores para o paciente”, disse o médico urologista e responsável pela cirurgia, Carlos Cury.

“Não sinto dores. Estou muito bem”, afirmou o paciente que, embora não possa ter filhos porque não há produção de esperma, se diz satisfeito com a cirurgia.

Ainda e acordo com o urologista, serão necessárias pelo menos outras duas cirurgias para o término do tratamento. “Ainda temos que fazer a retirada das mamas e posteriormente a alteração do canal da uretra. Cada cirurgia, em média, tem um espaço de dois a três meses para ser feita, mas tudo vai depender da recuperação do paciente”, explicou.

“Ele (o paciente) vai ter que fazer um acompanhamento durante muito tempo, principalmente pelo aspecto psicológico. Do aspecto clínico, ele também terá que ter um acompanhamento periódico. Quanto a dosagem de hormônio masculino terá que ser freqüente, já que o organismo dele não produz a testosterona”, completou o especialista, que disse também que há pelo menos outros quatro casos semelhantes a esse para serem feitos em Rio Preto.