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Geral

Ordenha e Refrigeração

Marlice Teixeira Ribeiro e Armando da Costa Carvalho - 12 de agosto de 2017 - 07:06

A ordenha de vacas significa tirar o leite, ou seja, é o lucro da atividade leiteira. Esse ato deve ser feito sem paradas, com os tetos limpos e secos em um ambiente asseado, tranqüilo, sem umidade e longe de outros animais. Para se ordenhar completamente uma vaca, é necessário estimulá-la, para evitar que o leite fique retido no úbere (leite residual), o que é feito normalmente pelas crias; no entanto, para segurança do produto como fonte de alimento humano, o estímulo deve ser feito pelo ordenhador ao lavar, secar e descartar os primeiros jatos do teto (jatos contaminados por microrganismos).

Glândula mamária (Úbere)

O leite é produzido pelas glândulas mamárias das vacas, que recebem também o nome de úbere. Tais glândulas são compostas por um grande número de células responsáveis pela secreção do leite. São divididas em quatro quartos, sendo os anteriores responsáveis pela produção de aproximadamente 40% do leite e os 60% restantes produzidos pelos posteriores.

Síntese do leite

A boca, o rúmen, o abomaso e os intestinos da vaca são importantes na digestão e absorção dos alimentos ingeridos por ela. O processamento inicia-se na boca, pela mastigação e pelas enzimas. O material mastigado passa ao rúmen, onde é misturado a um líquido que contém vários tipos de microrganismos, sobressaindo aqui as bactérias e os protozoários responsáveis pela fermentação contínua do alimento ingerido.

Os produtos resultantes do metabolismo fermentativo, tais como aminoácidos, carboidratos e gorduras, são absorvidos no trato gastrointestinal. Após serem absorvidos, esses nutrientes são transportados pela corrente sangüínea até a glândula mamária, onde servem de base à síntese do leite.

Para que se produza um litro de leite, é necessária a passagem de 300 a 500 litros de sangue pelo úbere. Diante de todos esses processos, pode-se caracterizar o leite como uma mistura complexa e nutritiva, composta por água, açúcares, gordura, proteínas, lactose, minerais e vitaminas.

Ejeção do leite

Recebe o nome de ejeção ou descida do leite a resposta ao estímulo da mamada do bezerro ou massageamento manual dos tetos ou com equipamento mecânico (ordenhadeira). Trata-se de um reflexo inato, isto é, uma resposta involuntária, inerente ao animal. Esses estímulos são importantes porque eles produzem pulsos nervosos que chegam ao cérebro e ordenam a liberação de uma substância (hormônio) chamada ocitocina. Da estimulação pelo tato (táctil) até o aumento da pressão intramamária transcorrem 30 a 60 segundos. Esta ação hormonal tem uma curta duração, de 5 a 7 minutos, daí a importância de colocar as teteiras o mais rápido possível após ter ocorrido o estímulo, caso contrário o efeito hormonal desaparece, deixando leite residual.

Manejo das vacas na ordenha

O manejo correto das vacas é essencial para a eficiência do tempo de ordenha. As vacas podem liberar o hormônio adrenalina 30 minutos antes da ordenha, interferindo negativamente na descida do leite, e estender o tempo de ordenha. Ao contrário, quando são bem tratadas, entram tranqüilas e de forma rápida no local, sem defecar e urinar na sala de ordenha. Ao observar um rebanho cujas vacas defecam e urinam muito na sala de ordenha, deve-se oferecer ao ordenhador um treinamento em ordenha. As vacas recompensam ordenhadores que as tratam com cuidados. Resultados de pesquisa demonstram redução de 10% da produção de leite quando as vacas sofrem maus-tratos, e mostram um aumento de 5,5% na produção de leite durante o período de lactação, quando se pratica uma rotina padronizada em comparação às práticas variadas.

Conclusões

Os assuntos são amplos e nessa oportunidade são abordados apenas os aspectos básicos. Em qualquer tipo de ordenha manual ou mecânica, a capacitação do pessoal envolvido é prioritária. Na tomada de decisão de mecanizar ou não, ou de escolher o modelo de equipamento para determinado estabelecimento, deverá sempre prevalecer o argumento econômico (relação custo/benefício). De nada adianta adquirir um sofisticado equipamento, se o fator limitante for a capacitação da mão-de-obra, tanto no que se refere ao uso e manutenção do equipamento, quanto na obediência aos preceitos da higiene na ordenha e adoção de medidas preventivas para o controle de mastite. As práticas de higiene aplicadas à ordenha, armazenamento e transporte de leite resultam na redução da contaminação de bactérias no leite. As instalações utilizadas pelos animais devem ser mantidas em condições higiênicas para evitar a contaminação. Recomenda-se cuidado especial com doenças como a mastite, respeitando-se o período de descarte do leite das vacas em tratamento, em face da eliminação do medicamento utilizado no leite e sua possível condenação (conforme indicação do médico veterinário). Equipamento de ordenha e tanques de refrigeração não são investimentos baratos; no entanto, trata-se da única solução quando se procura aumentar: a produtividade da mão-de-obra, a produção de leite com eficiência e de alta qualidade sem riscos para as vacas. O princípio básico para que isso ocorra é o dimensionamento correto dos equipamentos e da instalação, levando-se em conta o número de animais em lactação, o padrão genético do rebanho e o tempo gasto com o processo de ordenha.

Autores do artigo: Marlice Teixeira Ribeiro e Armando da Costa Carvalho

Publicado por Embrapa



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