Tradicionalmente o esporte se caracteriza pela superação de limites, quebra de recordes e conquistas, algumas vezes inacreditáveis, alcançadas pelo esforço além das forças. Quando os participantes de uma competição precisam superar os mais variados obstáculos impostos pela vida, inclusive a desconfiança de uma parcela da sociedade – que não acredita no seu potencial – para mostrar que “ser diferente é normal”, a constatação é única. Não há vencidos, todos são vencedores.

Com esse espírito, acontece esta semana, em Corumbá, a sexta edição da “Olimpíada Estadual das Apaes”, que reúne até o próximo dia 15, 226 atletas representando 60 unidades da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), de Mato Grosso do Sul. A Olimpíada conta com a participação de atletas de ambos os sexos, com idade mínima de 12 anos, nas modalidades de atletismo; futsal; futebol de campo; tênis de mesa; natação; handebol e basquete. Os jogos têm como sedes o quartel do 17º Batalhão de Fronteira e o ginásio poliesportivo. Desta competição sairão as equipes que representarão o Estado na “19ª Olimpíada Nacional das Apaes”, na cidade paulista de Araraquara, entre os dias 06 e 13 de outubro.

A aplicação dos atletas nas provas impressiona quem assiste. Eles prestam atenção a cada detalhe da orientação dos instrutores e quando partem para a disputa, querem fazer o melhor possível naquele momento. O atleta de Angélica, José Carlos de Oliveira, disse ao Corumbá On Line que participa das provas de atletismo, correndo no revezamento, e das partidas de futebol. “Essa competição é muito importante e eu me dedico para sempre ter um bom desempenho”, afirmou. Confiante num bom resultado ele disse que está preparado para fazer um bom papel, com chances de “vencer as provas”.

De acordo com a professora de Educação Física da Apae de Campo Grande, Ana Paula de Souza Bezerra, o trabalho com os atletas tem um resultado altamente positivo, além de ser “mais tranqüilo” do que muitos imaginam. “Eles são bem dispostos a treinar; realizam treinamentos toda a semana, em várias modalidades, numa carga de uma hora por dia”, destacou.

Cidadãos

Na avaliação do presidente da Federação das Apaes de Mato Grosso do Sul, Harley Ferreira Silvério, a Olimpíada representa a “superação” dos alunos e a própria “inclusão social” deles, que se sentem “cidadãos”. Ele salientou que a participação dos atletas é premiada, com todos recebendo medalhas. “Para eles, o mérito é participar, eles saem realizados, criam uma auto-estima muito grande, e isso para nós vale muito”, observou.

A Olimpíada, que é realizada pela Federação com apoio da Prefeitura através da Funec, integra os eventos comemorativos dos 228 anos de fundação de Corumbá, tem como objetivo, favorecer o desenvolvimento global da pessoa com deficiência mental e sua integração na sociedade, através de práticas esportivas adequadas às suas necessidades especiais, além de propiciar o intercâmbio dos profissionais e alunos da instituição.

Silvério disse que até para participar da competição promovida pela Federação, a dificuldade é grande. Ele citou os deslocamentos; acompanhantes para os atletas – para cada grupo de 5 atletas é preciso um acompanhante –; além da falta de verba própria. Ele enfatizou que em Corumbá, a competição também recebe apoio do Exército e Marinha