Geral
O poder; antes e depois
O poder – é aquele pedaço de bolo da hora – que de tão gostoso comemos rápido demais e quando menos se espera ele acaba.
Lendo os jornais, navegando na internet e observando de perto o cenário político que mistura ansiedade – pela chegada ao poder – e tristeza pelo adeus, a gente se convence de que o desafio maior não é o exercício do poder, mas sim encontrar motivação para seguir em frente no ‘day after’.
A condição de colunista voltado ao cenário político, exige um acompanhamento mais apurado e próximo. Observa-se o bom caráter, o oportunista, o generoso, o mesquinho e diferentes facetas comportamentais longe da tribuna, dos holofotes e dos gabinetes. Nem sempre o que a mídia mostra é real. Portanto...
Mas no que se refere aos políticos que se desvinculam do poder sem planejamento, podem ser comparados aos ex-artistas e ex-atletas que tem dificuldades de conviver com o anonimato. Falta-lhes espaço e ambiente, motivando mágoas inclusive.
No caso dos ex-políticos, mesmo quando a questão financeira não é o maior problema, o cérebro corre sério risco de se tornar um porão vazio. Evidente que as exceções existem como Fernando Henrique Cardoso, mas na maioria das vezes o saudosismo representa o inconformismo pelo passado que não volta.
Há uma lista extensa de políticos ‘disponíveis; entre eles Simon, Suplicy, Puccinelli, Londres, Sarney e Iris Rezende. Creio que após as férias, as visitas à parentes e aos mais diferentes pontos turísticos, cairá a ficha da nova realidade. A agenda, antes estressante, simplesmente inexistirá. Os telefonemas, as correspondências e as visitas ( tidas até como inoportunas) ficarão cada vez mais raras.
Escrever um livro de memórias tem sido a saída de alguns, mas nem todos tem a capacidade para tal. E a dúvida: haveria público disposto a essa leitura sobre fatos e ideias de ontem? Boa pergunta.
Neste arremate insisto de que o desafio maior do homem público é acostumar-se a vida dos mortais, sem privilégios e holofotes.
Que venham, há espaço para todos.