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Geral

O período romântico do rádio: Os donos da sonosplatia

O autor, entre outros cargos no rádio, foi comandante da equipe de esportes da Rádio Bandeirantes

Dinamérico de Campos Aguiar - 20 de dezembro de 2020 - 10:18

Trabalhou como Editor Executivo na empresa Rede Record
Trabalhou como Editor Executivo na empresa Rede Record

Acho que posso afirmar, sem medo de errar, que grande parte dos nomes famosos do rádio brasileiro, principalmente alguns já aposentados (eu, inclusive), começaram suas carreiras na técnica de som, como operadores. E olha que a coisa era bem diferente do hoje, com tudo computadorizado. Era ali, no ouvido, no braço, no dedo, que eram descobertas as músicas para as aberturas dos programas, para alguns comerciais, para a programação da emissora. O pessoal era chamado de técnico de som e alguns eram até mais do que técnicos, por sua competência.


Voltei-me para o rádio do interior, pois a memória me manda falar, também, daqueles competentes gerentes que escreviam os textos. Vendiam a publicidade nas lojas da cidade e escreviam as campanhas. E tome escrever para Pernambucanas, Casas do Linho Puro, Riachuelo, todas concorrentes, tendo que bolar mensagens diferentes para cada uma delas. E, nos intervalos, não se podia falar de duas, ao mesmo tempo, tinha que separar. E os textos escritos eram divididos em quartos de hora. O Paulo Edson, gerente em Araçatuba, fez muito disso, como Adib Muanis, Egydio Lofrano, em Rio Preto, José Vicente Dias Leme em Barretos e Jaboticabal, Fuad Cassis, em Ribeirão Preto.


Os textos tocados na técnica eram chamados de spot, quando falados e jingle, quando cantados. E muitos vinham de São Paulo, da Organização N. de Macedo (N de Nestor), o “seu radico”. Vendiam os anúncios, em pacotes, para as empresas de publicidade e os dividiam entre suas representadas no interior. E a gente colocava o “custa ligar o motor, o farol não acende...empurra prá frente e prá traz...” ou as propagandas da Colgate, onde a pasta dental tinha o n lauroil sarcosinato de sodio, que eu nunca soube o que era, ou mesmo as pílulas de vida do dr. Ross, pequeninas mas resolvem, ou magnésia leitosa de Orlando Rangel.


Essa gente, do rádio do interior, quase sempre, começava na técnica de som, passava para o outro lado do vidro e, de tanto ouvir, acabava sendo locutor, apresentador, repórter...outros preferiam produzir, escrever, tomar conta da enorme discoteca onde sabiam, exatamente, onde estava cada um dos bolachões solicitados, ainda que em pedidos dos programas às suas ordens, que tinham de ser imediatos. Em sua qualidade profissional, muitas vezes, vieram para a capital onde fizeram nome, nas rádios principais. Mesmo quem não era do microfone, como Maria Augusta Barbosa Matos, a Guta, que veio da PRA 7 de Ribeirão Preto para a Lintas Publicidade em São Paulo e acabou diretora de elenco da então poderosa Rede Globo, no Rio de Janeiro.


Muitos dos amigos, que me acompanham em minhas memórias e estão recebendo o meu abraço, acabaram tendo um pezinho no rádio do interior e, por certo, se lembrarão. A escola não era nenhuma faculdade famosa, era ali mesmo, no dia a dia, onde se aprendia de tudo na prática, com os melhores professores. E São Paulo ainda trouxe um punhado de profissionais de todo o Brasil que estarão, por certo, lembrando de seus tempos de início, vencedores que hoje são. E o Pastre, o Mamão de Monte Alto, é quem pego, como exemplo, na homenagem a todos. E roda o comercial: “quem bate...é o frio...não adianta bater, eu não deixo você entrar...”as casas pernambucanas, já pensaram em seu natal”...saudade, Feliz Natal de 2020 a todos, independente de tudo. Alô ZZP- 2...rádio cultura chamando ZZP-2...só quem viveu isso pode saber do que se trata.

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