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Geral

Número de mulheres empregadas aumenta, mas ganham menos

Keite Camacho/ABr - 05 de março de 2005 - 07:50

O número de mulheres empregadas aumentou no Brasil, mas o rendimento delas não seguiu o mesmo ritmo. Segundo a socióloga Laís Abramo, especialista regional em temas de gênero da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a mulher ganha 30% menos que o homem, e há um mito de que o custo para empregá-la é mais alto, por conta de benefícios associados à maternidade, o que justificaria os salários desiguais. Uma pesquisa da OIT realizada em cinco países (Argentina, Brasil, Chile, México e Uruguai) mostrou, entretanto, que isso não passa de mito.

De acordo com Laís Abramo, nestes cinco países, o custo do emprego da mulher, por causa dos benefícios, é em média de 2% da remuneração bruta mensal. No Brasil, é de 1,2%. "Além disso, esse custo não é pago pelo empregador, mas por sistemas de seguridade social, exceto no caso do Chile, que realiza o pagamento por meio de fundos públicos", ressaltou a socióloga.

As empresas arcam com o auxílio-creche e garantem o direito à amamentação. Além disso, a contribuição das empresas à seguridade social entra como gasto de saúde e varia de acordo com o número de empregados, independentemente de gênero.

A representante da OIT disse que a tendência, no Brasil e na América Latina, é de se reduzir a desigualdade de rendimento. A diferença é mais acentuada nos níveis de maior escolaridade, e o nível de instrução médio das mulheres já é maior que o dos homens, destacou. "Isso mostra que as mulheres, na América Latina, estão aumentando seu nível de escolaridade e mostra também que, para receber o mesmo que o homem, elas têm que ter credencial educacional muito superior", afirmou Laís.

O diretor-geral da OIT, Armand Pereira, ressaltou que a maior participação da mulher no mercado permite uma melhoria nas condições de vida. Ele disse que, em Belo Horizonte, houve um aumento significativo da taxa de participação feminina, em comparação com outras capitais. "Houve aumento de mais de 13% na taxa de participação da mulher no mercado. Enquanto em São Paulo foi de 9% e, em Recife, houve queda", informou Pereira.

Para alterar o padrão atual, que ainda é de desigualdade, a OIT considera fundamental a existência de políticas públicas voltadas para a eliminação da discriminação e promoção da igualdade de oportunidades. De acordo com Ângela Fontes, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, algumas ações interministeriais estão previstas, inclusive, especificadas no Plano Plurianual (PPA).

"O governo Lula criou a Secretaria de Políticas para as Mulheres porque considerou necessário ter políticas públicas que enfrentassem a desigualdade de gênero. Uma das políticas é trabalhar com o microcrédito, de modo que a mulher também tenha acesso ao crédito. Legalmente, elas têm, mas, culturalmente, não conseguem atravessar a porta de vidro para entrar numa agência e pedir o auxílio. Existe ainda a meta de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), para que tenham acesso à terra", explicou.

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