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No ano passado, 574 pessoas foram assassinadas em MS

Fernanda Mathias - Campo Grande News - 19 de fevereiro de 2008 - 13:46

O relatório preliminar da Secretaria de Estado de Saúde referente à mortalidade no ano de 2007 aponta os homicídios como a segunda principal causa de mortes em Mato Grosso do Sul, atrás apenas dos infartos.

Até a última atualização, feita dia 25 de janeiro último, havia 574 casos de pessoas que morreram por agressões, na maioria das vezes disparos de arma de fogo. Estão computadas também as mortes por arma branca, uso da força física e outras formas de agressão.

Só as armas de fogo vitimaram 339 pessoas. Dessas, 70 eram adolescentes, com idade entre 15 e 19 anos e 116 jovens de 20 a 29 anos de idade. Em 2006 Mato Grosso do Sul figurou como o sexto estado no ranking de mortalidade de jovens por causas violentas, neste caso incluindo suicídios e acidentes automobilísticos.

Gustavo Giacchini, um dos coordenadores do Movimento MS contra a Violência, da OAB, afirma que a violência tem origem em vários fatores. Um deles, que gera vulnerabilidade, é o próprio desemprego. “O início do movimento foi motivado pelo desapreço à vida. É preciso criar uma cultura de paz, promover uma mudança de comportamento e pensamento”, diz. O movimento atua em sintonia com segmentos correlacionados, como de educação, saúde e trabalho, com a intenção de propor medidas preventivas ao poder público.

Angústia – O elevado número de mortes por agressões é mais que uma estatística. Para os familiares das vítimas de violência, além do sentimento de perda fica a angústia até que os processos se desenrolem. Em dezembro do ano passado o estudante Anderson da Silva Faria, de 20 anos, foi baleado pelo tio de sua noiva, no bairro Parque do Sol, periferia de Campo Grande.

A mãe dele, Cleonice Rocha da Silva, afirma que não se conforme em ver o responsável pela morte de seu filho circular livre. Como ele se apresentou, está respondendo ao inquérito em liberdade. “É muito revoltante porque foi uma vida que se perdeu”, diz.
Para ela, o filho foi vítima de racismo. O autor do disparo que matou o rapaz era tio da noiva de Anderson e não concordava com o relacionamento. Segundo Cleonice, no dia do crime ele foi falar com a moça, dizendo que ela não deveria se relacionar com um “negro e pobre”.

O rapaz foi à padaria dele onde aconteceu uma discussão e ele foi baleado, na altura da costela. Anderson ficou internado 19 dias. Na UTI disse para a mãe que não acreditou que o tio de sua noiva fosse atirar realmente contra ele. Acreditando que o filho sobreviveria, Cleonice mudou de bairro. No dia 14 de janeiro Anderson faleceu.

Cleonice afirma que desde o dia do crime tem peregrinado por Justiça. Para ela, as investigações correm de forma muito lenta. No dia 25 de janeiro a comunidade do bairro fez um protesto para mostrar a indignação contra a morte do estudante. No dia 14 de março, quando serão completados 60 dias da morte de Anderson, haverá uma nova manifestação, adianta a mãe.

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