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Geral

Nelson Valente: Estudo dirigido

Nelson Valente* - 11 de julho de 2009 - 07:28

O estudo dirigido é um procedimento instrucional individualizado em que os objetivos e as atividades de aprendizagem são especificadas pelo professor, cabendo ao aluno executá-las conforme o seu ritmo de aprendizagem.
Constitui-se assim num roteiro, direção ou guia de estudo.
As finalidades deste procedimento, como técnica de ensino, são as de ensinar o aluno a aprender e treiná-lo para o estudo independente.
Para isto, além da aprendizagem de conteúdo, o estudo dirigido procura levar o aluno à aquisição de habilidades e destrezas especiais que permitem uma aprendizagem eficaz.
Essas habilidades e destrezas incluem o domínio de técnicas materiais de estudo e o aperfeiçoamento das operações intelectuais que dão sentido às atividades de quem aprende.

Técnicas materiais de estudo



As técnicas materiais de estudo baseiam-se nas aptidões do aluno para a observação, a audição, a leitura, a reflexão e para documentar-se.
Para uma aprendizagem eficaz são necessárias, entretanto, técnicas materiais de estudo mais complexas como manipular materiais, elaborar relatórios e monografias, construir modelos e aparelhos, fazer anotações, interpretar mapas, gráficos e tabelas, usar corretamente o dicionário, pesquisar etc.
Estas e outras técnicas vão instrumentar o aluno para que ele adquira independência no estudo, canalize seus esforços e abra novos caminhos para a aprendizagem.
As técnicas materiais de estudo devem ser adquiridas de modo lento, progressivo e ordenado, partindo-se das formas mais simples para as mais complexas vivenciadas de tal modo que possam ser transformadas em habilidades, isto é, incorporadas à personalidade do aluno.
É o que acontece, por exemplo, com a técnica de observação. O aluno recebe e vivencia atividades organizadas para que possa adquiri-la, exercitando-a de modo consciente.
Com a repetição dos exercícios, a capacidade de observar passa a ser um elemento enriquecedor de sua personalidade, transformando-se em uma habilidade inconsciente exercida em todas as situações de sua vida.

Operações intelectuais



As operações intelectuais, técnicas de trabalho intelectual ou operações mentais, são também, indispensáveis para uma aprendizagem eficaz.
O seu aperfeiçoamento é, como você já viu, uma das preocupações do estudo dirigido.
Uma operação intelectual ou mental é um ato de pensamento. Este ato permite a uma pessoa refletir sobre objetos, acontecimentos e transformações dando-lhes coerência.
Existem muitos tipos de operações mentais que são classificadas, segundo PIAGET, em três grandes grupos:
Operações de classe, relações e números como: classificar, seriar, relacionar etc.;
Operações que têm papel especial na construção de noções físicas e espaços temporais de proximidade e distância como: analisar, reunir, sintetizar, localizar no tempo e no espaço, representar etc.; e
Operações que se referem a valores, meios e fins e têm papel especial na inteligência prática como: conceituar, definir, provar, julgar, induzir, deduzir etc.
Essas operações, na prática, aparecem sempre juntas. É importante que o professor, ao selecionar as atividades para o estudo dirigido, considere este fato assim como defina quais as necessidades e aptidões dos alunos que devem ser estimuladas e desenvolvidas.
As operações mentais devem ser, como as técnicas materiais, graduadas em complexidade partindo-se sempre de atividades mais simples.

Guias de estudo


Para que o estudo dirigido possa ser realizado deve ser elaborado um guia de estudo.
O guia de estudo é o verdadeiro instrumento de trabalho do estudo dirigido.
Na sua preparação devem estar constantemente presentes a preocupação com a aprendizagem de conteúdo, como desenvolvimento das técnicas materiais de estudo e das operações intelectuais.
Em outras palavras, além do conteúdo, o guia de estudo deve atender às finalidades da técnica e às necessidades do estudante.
As questões do guia de estudo devem variar segundo o grau de escolaridade do aluno, segundo a disciplina e o conteúdo a ser estudado; devem, entretanto, seguir um esquema ordenado na apresentação das questões.
Estas questões devem propor atividades adequadas ao meio sociocultural onde a escola desenvolve a sua ação, à realidade educativa e, sobretudo, motivar o aluno para a sua realização.
Um guia de estudo consta usualmente de indicações do professor sob a forma de ordens, sugestões, questões ou problemas específicos a serem resolvidos.
Estas indicações são importantes porque indicam quais as técnicas materiais de estudo que vão ser requeridas e quais as operações mentais que serão vivenciadas.

Elaboração do guia de estudo

Definir os objetivos. O que se espera dos alunos ao final do trabalho? Quais as técnicas materiais de trabalho e quais as operações intelectuais que serão adequadas para este conteúdo e nível dos alunos?
Selecionar as tarefas e os exercícios a serem executados pelos alunos, em função dos objetivos propostos.
Elaborar instruções claras (do tipo leia, observe, consulte, escreva, calcule etc.) sobre o desenvolvimento do trabalho apresentando as tarefas e os exercícios.
Indicar a bibliografia, caso o aluno tenha de fazer consultas para executar as tarefas.
O guia de estudo deve esclarecer o aluno sobre a tarefa a ser realizada indicando com exatidão a sequência do trabalho em cada etapa.
Deve ainda, apresentar uma complexidade crescente em suas questões.
Para a elaboração das instruções o professor poderá apoiar-se, em linhas gerais, nesta sequência:
exploração da tarefa: leitura global do texto, dos passos da tarefa etc.;
exercícios de compreensão: questões para o aluno entender bem o que foi lido ou feito; e
exercícios de aplicação: questões para verificar e reforçar a aprendizagem.
Em qualquer modalidade de estudo dirigido é necessário que, ao final do trabalho, o aluno receba a confirmação dos resultados. Isto pode ser feito pela avaliação dos mesmos pelo professor, pela comparação com os dos colegas ou através de uma discussão geral.



(*) é professor universitário, jornalista e escritor


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