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MS: Líder kadiwéu aponta desafios em saúde e saneamento

Janaina Rocha/ABr - 29 de março de 2006 - 15:38

Rio Quente (GO) - Os desafios indígenas - um dos eixos de debate da 4ª Conferência Nacional da Saúde Indígena - colocam-se de forma bem distinta entre as etnias de Mato Grosso do Sul. Predominam os povos Guarani-Kaiowá, Terena e Kadiwéu. Cerca de 200 famílias de índios guarani-kaiowá foram retiradas da terra indígena Nhanderu Marangatu em dezembro do ano passado. A situação das terras se mantém indefinida e o atendimento à saúde se estrutura de forma precária.

Já os Kadiwéu, que têm a maior parte do seu território reconhecido e homologado, conseguem discutir hoje a autonomia da gestão do Distrito Sanitário Especial Indígena, que atende as três etnias, é também um dos principais temas de debate na conferência.

"A saúde não se estrutura por completo, porque a gente não consegue construir algo para quem ainda nem garantiu suas terras. O investimento é de emergência. As famílias, que estão vulneráveis, sofrem com a falta de saneamento nos acampamentos, a água que não é potável e a desnutrição, que surge por causa disso, não só pela falta de alimento", informou o presidente do Conselho Distrital de Saúde de Mato Grosso do Sul, o auxiliar de enfermagem kadiwéu Hilário da Silva.

"Além disso, os territórios conquistados pelos Guarani-Kaiowá, em Dourados, são pequenos para a vida dos indígenas. E essa está comprometida. Não há mais troncos, nem mais árvores para construir casas. Tudo está desmatado", disse ele.

Segundo Hilário, no Distrito Sanitário Especial Indígena, as lideranças dos povos tentam se fortalecer para tratar das questões que envolvem a terra, embora reconheçam que o distrito não tem como legitimar esse direito.

"Os desafios vão se renovando, e os antigos também se mantêm, como a falta de terra, e aí não há autonomia de um povo, de segurança alimentar. Diferente do Amazonas, as aldeias têm mais proximidade com as cidades. Ao mesmo tempo que a gente se organiza para fazer do distrito um local para o indígena, muitos deles têm ido para a cidade. Aí entra um novo problema: o SUS [Sistema Único de Saúde] passa a atendê-lo e não dá conta do lado cultural, do respeito à tradição e à escolha do indígena", afirmou.

Hilário ressaltou que os kadiwéu, por causa da garantia de terras, têm mais condições de se organizar. "A gente só teve um caso grave de desnutrição ano passado, que se resolveu com orientação para a mãe." O atendimento é feito pela organização não-governamental (ONG) Missão Caiuá, contratada pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

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