O presidente do Sindan, sindicado que representa indústrias fabricantes de vacinas, Emílio Salani, diz em entrevista publicada hoje pela Gazeta Mercantil que mesmo vacinados os bovinos podem contrair aftosa quando bezerros. “A biologia não é uma ciência exata. Se um animal muito jovem sofrer um estresse climático e for exposto ao vírus da aftosa, ele pode, sim, contrair a doença, mesmo que tenha sido vacinado”, exploca.

Segundo ele, a vacina é eficaz mas se os bezerros foram imunizados em fevereiro e maio deste ano, como alegam os proprietários, eles ficaram doentes pouco antes de receber a terceira e última dose, que seria aplicada em novembro. Isso quer dizer que em outubro, quando a doença se manifestou, os animais estavam mais vulneráveis. No dia 8 de outubro exame laboratorial confirmou o surto de febre aftosa na fazenda Vezozzo, em Eldorado. A propriedade utiliza técnicas de ponta no manejo e é considerada modelo. Porém 142 animais foram acometidos e 582 rezes acabaram sacrificadas e cinco municípios do Estado interditadas.

Na entrevista à Gazeta, Luiz Henrique Vezozzo, administrador e filho dos proprietários da fazenda, diz que a introdução do vírus pode ter ocorrido quando o caminhão de um frigorífico entrou na fazenda para retirar animais para abate. Na véspera, o mesmo caminhão tinha recolhido animais no município vizinho de Japorã, que, conforme indicam as investigações, pode ser o foco primário da aftosa no Mato Grosso do Sul. Há suspeita de que animais de Japorã tenham sido contrabandeados do Paraguai. Vezozzo garante que os animais estavam de fato imunizados. "Não comprei certificado de vacina e dou minha palavra que jamais comprei animais do Paraguai".