Pesquisa mostra que a grande maioria dos pacientes que tiveram boa adesão obteve sucesso ou pelo menos algum grau de melhora.

A amblioplia significa visão borrada e pode ser definida como baixa de acuidade visual uni ou bilateral causada por falta de estímulo adequado à retina durante o período crítico de desenvolvimento das funções visuais. A severidade da ambliopia depende de vários fatores incluindo a época de aparecimento do estímulo inadequado, tempo de exposição a esse estímulo e a severidade do borramento da imagem. Vale ressaltar, no entanto, que quanto maior a adesão ao tratamento, melhor é o prognóstico de reversão da ambliopia. Isso é o que mostram Deborah Costa e equipe da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em um estudo que buscou avaliar a influência da adesão ao tratamento, da gravidade da ambliopia e da idade de início do tratamento no resultado visual final obtido em pacientes com ambliopia por estrabismo submetidos à terapia oclusiva.

De acordo com artigo publicado na edição de março/abril dos Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, “foi realizado um estudo retrospectivo através da análise de 198 prontuários de pacientes com diagnóstico de ambliopia por estrabismo acompanhados no Setor de Motilidade Ocular Extrínseca do Departamento de Oftalmologia do HCFMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) no período de 1983 a 2000”. Todos os pacientes foram submetidos a exame oftalmológico completo.

Os pesquisadores observaram que 18,2% dos pacientes apresentavam ambliopia leve, 24,2% apresentavam ambliopia moderada e 57,6% apresentavam ambliopia grave. A adesão ao tratamento oclusivo foi boa em 59,6% e má em 40,4% dos pacientes. Segundo eles, “a análise estatística demonstrou que a grande maioria dos pacientes que teve boa adesão obteve sucesso ou pelo menos algum grau de melhora, enquanto a maioria dos pacientes com má adesão demonstrou insucesso ao tratamento”. No total de pacientes estudados a taxa de sucesso foi de 39,9%, a de melhora da acuidade visual de 17,2%, a de melhora parcial de 10,1% e a de insucesso de 32,8%.

Os resultados mostram também que a idade de início do tratamento não tem influência no sucesso terapêutico, demonstrando que o tratamento oclusivo deve ser instituído em qualquer dos grupos etários. Dessa forma, a equipe concluiu que “a adesão ao tratamento oclusivo desempenha um papel fundamental na eficácia terapêutica. A idade de início do tratamento isoladamente não teve influência no sucesso terapêutico, uma vez que foi possível obter boa adesão a despeito da idade. Além disto, a adesão ao tratamento foi menor nos casos de ambliopia mais grave, com conseqüente piora dos resultados”.

Agência Notisa (jornalismo científico - science journalism)