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Médico avisa: desigualdade social faz mal à saúde

Agência Notisa - 27 de junho de 2005 - 14:18

Hoje, uma criança nasce no Japão com uma expectativa de vida de 82 anos e provavelmente chegará aos 75 com uma saúde muito boa. No outro extremo, está Serra Leoa, onde a expectativa é que um bebê chegue somente aos 34 anos de vida, apresentando algum problema de saúde desde os 28. “Devemos nos conscientizar que a desigualdade faz mal à saúde”, afirmou Alexandre Kalache, coordenador do Programa de Envelhecimento e Curso de Vida da Organização Mundial de Saúde (OMS), durante o 18º Congresso da Associação Internacional de Geriatria, que está ocorrendo no Riocentro.



“Eu moro na França, em uma área rural. Todos os dias acordo e de minha janela vejo vacas bem alimentadas, bonitas, saudáveis. Fico imaginando como se sente uma pessoa da África, onde a renda per capita é de 350 dólares, ao saber que o governo francês investe 450 dólares por ano naquela vaquinha. Ou, ainda, que o governo suíço investe 1.500 euros. Hoje, um africano chega a viver com um quinto do que sustenta uma vaca suiça”, criticou o Kalache, que é brasileiro. Para ele, a última solução que os países pobres podem esperar é ajuda dos países ricos. “Em 1999, o Canadá investia menos de um 1% de seu PIB em ajuda internacional e os EUA 2%. Quatro anos depois (2003), os mesmos países investiam, respectivamente, menos de 0,3% e 1%”, observou o médico que vê, ainda assim, na ajuda internacional uma das formas de minimizar os problemas de saúde encontrados no mundo, sobretudo na África.

Outra posição, criticada por Kalache, seria a importação de mão-de-obra especializada em saúde de países pobres, sobretudo na área de enfermagem. “Somente no ano 2000, 500 enfermeiros saíram de Gana para trabalhar em países desenvolvidos. Esse número representa mais do dobro do total de graduados em enfermagem naquele ano em todo o país”, disse o representante da OMS. Segundo ele, essa política simplesmente compra os melhores profissionais dos países pobres com o objetivo de suprir a demanda interna dos países desenvolvidos e agrava o déficit de profissionais de saúde nos países que mais precisam deles.



Kalache chamou a atenção, ainda, para o fato de que hoje está ocorrendo uma situação nunca antes vista na história: a população de muitos países pobres está envelhecendo antes de se tornar rica, quando com os países desenvolvidos ricos ocorreu justamente o contrário. “Estamos envelhecendo em velocidade nunca vista antes, mas sem os recursos necessários”, alertou. Ele chama atenção, ainda, para o fato de que, muito mais importantes que fatores genéticos, a falta de recursos e o estilo de vida são determinantes da qualidade de vida no envelhecimento.

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