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Manoel Afonso - Passado: o fantasma dos candidatos

Manoel Afonso - 22 de setembro de 2008 - 14:59

Reta final: aí que o “pau canta”, vale tudo! O manual da ética é jogado no lixo para se tentar ganhar as eleições. Uma das ações mais usuais é a investigação e uso de informações do passado de candidato envolvendo seu comportamento pessoal, familiar, profissional e político.
Se a denúncia envolver fato grave o acusado ficará no canto do rinque para dar explicações e com isso corre risco de perder tempo, mudar seu discurso e até perder as eleições. Mas se tudo for armação, como os famosos dossiês, ele pode dar volta por cima e os acusadores sofrerão o efeito bumerangue. De culpado o candidato vira vítima.
Alguns exemplos nacionais foram marcantes nas últimas eleições presidenciais. Quem não se lembra daquela montanha de dinheiro que invadiu o noticiário da televisão e que acabou com a candidatura de Roseane Sarney? Disseram depois que tudo não tinha passado de armação de José Serra, mas nada foi provado contra ele. Nesses casos, não adianta discutir quem fez, pois os estragos não irreparáveis. As chances de vitória já foram para o beleléu.
Outro caso bem montado foi a confissão da ex-namorada de Lula, Miriam Cordeiro, segundo a qual ele a teria induzido a praticar aborto. O fato caiu como uma bomba no colo do atual presidente que perdeu aquelas eleições de 1989 para Collor. Lula mascou o freio, gaguejou e suas expressões faciais foram vistas pelo telespectador como uma confissão.
Com tantas fontes de informação ficou muito fácil vasculhar a vida dos candidatos. As denúncias anônimas se multiplicaram e as versões sobre esse ou aquele episódio ficam à mercê das conveniências. Em política o que vale não é o fato, mas sim a versão do fato junto à opinião pública.
Na última eleição Alckmin ficou na parede e demorou em se livrar da acusação de que o PSDB conduzira de afogadilho o processo das privatizações no Governo de Fernando Henrique. Era uma colocação banal de Lula que o candidato tucano deveria ter simplesmente ignorado. Mas vacilou feio, perdeu tempo nas explicações, enrolou-se todo e seu discurso perdeu o rumo.
Em todo país nestes últimos dias de campanha veremos um festival de acusações, onde principalmente os que estão em desvantagem nas pesquisas lançarão mão desta artimanha. Alguns terão sorte por uma série de circunstâncias, mas outros acabarão vendo o tiro sair pela culatra.
Mas justiça seja feita: essa tática não é exclusividade brasileira. Tratando-se do jogo pelo poder os países se nivelam e os homens são absolutamente iguais.


Manoel Afonso
[email protected]
(Comentarista da TV.Record-MS)

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