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Manoel Afonso: candidato & currículo & bula de remédio

Manoel Afonso - 08 de setembro de 2008 - 16:51

Você achava que já tinha visto tudo e a cada eleição fica “encantado” com tanto besteirol inserido no horário eleitoral gratuito. Isso sem contar com a criatividade dos pretendentes na tentativa do reconhecimento público e de um lugar ao sol. Claro que o saudoso doutor Enéas teve o mérito da conquista, mas o problema é que acabou virando modelo para muitos desavisados e não há vagas para todos eles, nos hospitais psiquiátricos inclusive.
Quando se trata deste “festival de ousadias”, mais do que nunca, o Brasil é um só. As diferenças ficam restritas ao sotaque e as formulas adotadas pelos candidatos em função da realidade regional. Se o candidato nordestino escreve seu nome no jegue, está lançando mão dos recursos que dispõe. Pobre animal.
Se candidato tem que ter currículo está resolvida a questão. Os candidatos ricos contratam os préstimos dos marqueteiros que num passe de mágica fornecem o receituário completo, com direito a biografia enriquecida, fotos retocadas no computador, frase de efeito e um programa de ação de encher os olhos. Alguns candidatos até se surpreendem e chegam a duvidar do que bolaram para sua campanha: “Nossa! Será que sou tudo isso?”
E, diga-se de passagem: esses marqueteiros são fabulosos – caíram do céu – transformam demônios em anjos e movimentam milhões de reais. Como se diz: Sem eles, a exemplo das pesquisas, as eleições seriam sem graça e baratas.
Currículo é mais ou menos como nossas gloriosas bulas de remédios. Os pontos positivos são priorizados e multiplicados. Vale como ilustração o caso do professor Jorge Daud Simão, candidato em São José do Rio Preto (SP), que inseriu no seu currículo a participação no “Curso Valita”, destinado ao aprimoramento na culinária. Se fosse hoje poderia ser interpretado como um eventual defensor da pizza na política.
Freqüentemente a caixa postal de nossas casas está lotada de santinhos, adesivos e outros materiais. As surpresas não param! Pessoas despreparadas são tocadas pela magia da “mosca azul” e atravessam o sinal do bom senso. Seria o caso de alguém perguntar: mas em campanha eleitoral existe o tal senso de ridículo.
Se o currículo de candidato é igual bula, é cabível questionar na hora da escolha: será que contém os ingredientes que curam nossos males? Se esse remédio não é bom, é apelidado (no comercio de medicamentos) de B.O, que significa “Bolso de Otário”. Neste caso o otário poderá ser você.


Manoel Afonso
Comentarista da TV.Record-MS

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