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Língua Portuguesa, inculta e bela, por Alcides Silva

Alcides Silva - 09 de março de 2007 - 09:30

Palavras hifenizadas
Difícil o leitor não ter visto o termo fio dental escrito com ou sem hífen. Pode. Só que, nesse caso, o emprego daquele pequenino sinal gráfico muda completamente o sentido do que está escrito. Fio dental usam-no crianças e adultos, jovens e velhos, homens e mulheres. Até Lula, Bush e o santo padre. Fio dental compra-se nas farmácias, drogarias, supermercados e é um produto barato. Já o fio-dental, de preços altíssimos, encontrável somente nas butiques de luxo, devem usá-lo unicamente as Julianas Paes e outras moças de corpos de formas perfeitas... mesmo que siliconadas.
É o caso também de dedo-duro: com hífen é o alcagüete, o espião da polícia, o que “entrega o serviço”. O dedo duro, sem hífen, é o dedo sem articulação, aquele que não se dobra, o teso. Ferro-velho é um depósito de materiais usados, tipo sucata, não necessariamente só de metais; ferro velho, sem hífen, é metal antigo, gasto, obsoleto.
O uso do hífen é simplesmente uma convenção; não tem explicação lingüística. Mas seu emprego é coisa que pode dar trabalho. Vamos aprender juntos: esse pequeno sinal gráfico (-) é usado:
para ligar os elementos de palavras compostas ou derivadas por prefixação: ex-vereador, couve-flor, pré-escola, super-homem;
para unir pronomes átonos a verbos: deram-me, amei-a, far-lhe-ei, e
para no fim da linha separar as palavras em duas partes: can-didato – candi-dato – candida-to.
Para as palavras compostas ou derivadas por prefixação, há uma regra geral estabelecida pelo “Formulário Ortográfico”, da Academia Brasileira de Letras, que determina só se ligarem por hífen os elementos das palavras que mantenham a noção de composição, isto é, conservem a sua independência fonética e sua própria acentuação.
Existem alguns princípios sobre o uso desse traço separador. Emprega-se o hífen:
1º - nas palavras compostas cujos elementos perderam sua significação própria: água-marinha, arco-íris, bel- prazer;
2º - nos vocábulos cujo primeiro elemento funcione como adjetivo: luso-brasileiro, latino-americano, econômico-financeira, técnico-administrativo; 3º - nos termos compostos por bem ou mal quando o elemento seguinte tem vida autônoma: bem-amada, mal-amada, bem-dotado, mal-dotado, bem-encarado, mal-encarado, bem-feito, mal-feito, bem-humorado, mal-humorado, bem- me-quer, mal-me-quer;
4º - nas palavras compostas por sem, além, aquém, recém: sem-cerimônia, além-mar, recém-chegado.
Atenção: nos vocábulos formados pelos prefixos: auto, contra, extra, infra, neo, proto, pseudo, semi, supra, e ultra, só se usa hífen quando a palavra seguinte começar por vogal ou pelas consoantes h, r ou s: auto-análise, auto-escola, auto-instrução, auto-ônibus, auto-serviço (preferível ao self-service americano); contra-argumento, contra-ataque, contra-aviso, contra-indicação, contra-ordem, contra-oferta, contra-regra, contra-senso, extra-humano, extra-oficial (extraordinário não tem hífen porque é palavra diretamente derivada do latim), infra-assinado, infra-estrutura, infra-som, neo-realismo, neo-república, proto-história, pseudo-epilético, pseudo-sigla, semi-apagado, semi-árido, semi-automático, semi-escravidão, semi-escuro, semi-internato, supra-excitante, supra-realista, supra-sumo, ultra-secreto, ultra-sensível, ultra-som, ultra-sonografia. Fora desses casos, esses prefixos se unem à outra palavra diretamente, sem utilização do hífen: autofagia, automóvel, contramão, contracapa, extracurricular, infravermelho, autoposto, autopeças, autopromoção, suprapartidário, ultravioleta etc.
Observação importante: em palavras formadas pelos prefixos: mini, micro ou maxi jamais se usa hífen: minissaia, maxicasaco, minirreforma, maxidesvalorização, microempresa, microrregião, minicomício, microcomputador etc.

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