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Julgamento do casal Nardoni deve terminar nesta sexta

Folha On Line - 26 de março de 2010 - 09:26

O quarto dia do júri de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, ontem, foi marcado pelo interrogatório dos réus. Ambos negaram envolvimento na morte da menina Isabella, filha de Alexandre, ocorrida há dois anos. A expectativa é que o julgamento, iniciado na última segunda (22), termine nesta sexta, quando ocorrem os debates entre defesa e acusação.

Também na quinta, a mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, foi liberada. Ela estava retida a pedido da defesa dos réus desde o primeiro dia do júri, quando prestou depoimento. O advogado Roberto Podval, que defende o casal Nardoni, afirmava que Ana Carolina poderia ser novamente requisitada durante o julgamento e que avaliava uma acareação com os réus. Com isso, a mãe de Isabella ficou incomunicável, nas dependências da Justiça.

No entanto, na manhã desta quinta, após ser procurado por um oficial de Justiça que dizia estar preocupado com a saúde de Ana Carolina, Fossen pediu ao Tribunal de Justiça para que um psiquiatra avaliasse a mãe de Isabella. Em laudo emitido por ele, que mostrava o "estado agudo de estresse" de Ana Carolina, o especialista contraindicou uma eventual acareação. Acusação e defesa foram convocados pelo juiz, e os advogados do casal Nardoni desistiram de confrontar os réus e a mãe de Isabella, que foi liberada.

Interrogatório

O interrogatório de Alexandre Nardoni abriu os trabalhos nesta quinta-feira. Ele foi ouvido das 10h50 às 16h25, com pausa de mais de uma hora para almoço. Anna Jatobá foi interrogada das 16h30 até por volta das 20h50, quando a sessão foi suspensa.

Após o juiz ler as acusações contra os réus, ambos negaram o crime. Isabella, 5, morreu em março de 2008, após cair do sexto andar do prédio onde moravam o pai e a madrasta, na zona norte de São Paulo. Para a perícia, a menina foi agredida e jogada do prédio por Alexandre.

Em interrogatório, ele disse que as acusações contra ele são falsas, afirmou que a Polícia Civil propôs que ele assumisse o crime e que "perdeu o chão" após a morte da filha, por isso, não entrou em contato com a mãe de Isabella nos dias após o crime.

O pai de Isabella também afirmou que, ao chegar no apartamento e ver a tela de proteção cortada, tentou olhar pela janela segurando um dos filhos menores no colo. Essa versão, segundo a Promotoria, foi dada pela primeira vez. Na quinta (24), em depoimento, a perita Rosângela Monteiro disse que as marcas deixadas pela tela de proteção na camiseta de Alexandre poderiam ser produzidas por uma pessoa segurando peso de 25 kg, conforme testes realizados.

No início do interrogatório, Alexandre chorou em ao menos quatro momentos. A mãe dele, que assistia ao júri pela primeira vez, deixou o plenário. Depois, ao interrogar Alexandre Nardoni, o promotor Francisco Cembranelli afirmou que o choro do réu não tinha lágrimas.

Antes de o público deixar o plenário do 2º Tribunal do Júri do fórum de Santana para recesso, a irmã de Alexandre Nardoni, Cristiane, mandou um recado para ele. Ela gritou "Força, Alê" e, em seguida, o juiz lembrou que a plateia não pode se manifestar.

Anna Jatobá também negou participação na morte da menina e afirmou que não houve briga ou agressão no carro, antes de a família chegar ao edifício London, ao contrário do que sustenta a acusação. Ela falava muito rápido e foi interrompida diversas vezes pelo juiz, para que o estenotipista pudesse anotar o depoimento.

A madrasta de Isabella afirmou que, para ela, ainda é um mistério o que ocorreu na noite de 29 de março de 2008, data em que a menina caiu do sexto andar do edifício London em São Paulo. Questionada pelo advogado de defesa sobre o que teria ocorrido no dia do crime, Jatobá disse, com a voz embargada, que "do mesmo jeito que é um mistério para o mundo inteiro, para mim também é um mistério".

Questionada pelo promotor Francisco Cembranelli sobre brigas que teve com o pai --fato ocorrido antes da morte de Isabella e não relacionado com o crime-- Anna Jatobá admitiu ter aumentado e inventado informações passadas à polícia sobre o caso, mas afirmou que apanhou dele. Certa vez, Anna chegou a registrar boletim de ocorrência contra o pai e disse que, na ocasião, foi influenciada por outras pessoas.

Ao contrário dos outros dias de julgamento, o promotor não falou com a imprensa ao término do quatro dia de trabalhos. Ao deixar o fórum, o advogado de defesa disse que não tem "falsas expectativas ou esperanças" sobre o resultado do julgamento.

"Entrei num júri perdido", disse. Roberto Podval disse que a única orientação que deu ao casal foi para que falassem a verdade, pois não ganhariam o júri "tapando o sol com a peneira". "Eu disse: 'fale a verdade. A gente não tem chance, a chance é pequena, e se tiver, é falando a verdade'".

Júri

O julgamento do casal começou na segunda (22), quando a mãe de Isabella foi ouvida.

Na terça (23), informações técnicas marcaram segundo dia do júri. Foram ouvidas três pessoas : a delegada Renata Helena Silva Pontes, o médico-legista Paulo Sérgio Tieppo Alves --ambos testemunhas comuns à defesa e à acusação--, e o perito Luís Eduardo Carvalho, que veio da Bahia convocado pela Promotoria.

A delegada deu informações sobre as investigações e disse que indiciou o casal por ter certeza da culpa do pai e da madrasta na morte de Isabella. O médico-legista reafirmou que a menina foi ferida na testa, arremessada contra o chão e jogada do sexto andar do prédio onde moravam os acusados. O perito Luís Eduardo Carvalho Dórea, convocado pela Promotoria, fechou os depoimentos.

Na quarta (24), o júri foi reiniciado com o depoimento da perita Rosângela Monteiro, do Instituto de Criminalística. Testemunha comum à defesa e à acusação, ela foi ouvida das 10h25 às 17h, com uma pausa de aproximadamente uma hora para almoço.

À Justiça a perita afirmou que testes apontam que Nardoni jogou a filha do sexto andar do edifício London, onde morava com Anna Jatobá, madrasta de Isabella.

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