Apelidado de carrasco da Inglaterra na véspera das quartas-de-final de sábado, Luiz Felipe Scolari injetou auto-confiança e fé em um time português que por muito tempo careceu de agressividade em grandes torneios. Como foi testemunhado na dura partida de domingo pelas oitavas-de-final contra a Holanda, o time de Felipão exibe uma paixão e um espírito combativo mais fortes do que jamais teve.

"Ele trouxe auto-estima e fez os jogadores acreditarem em si mesmos", disse o ala Simão Sabrosa, que descreveu o técnico brasileiro como uma "figura paternal." Felipão assumiu o cargo depois da eliminação de Portugal da última Copa do Mundo, na qual ele conduziu o Brasil ao seu quinto título. Ele levou Portugal à final da Euro 2004 em casa e derrotou a Inglaterra, e agora é responsável pela melhor campanha portuguesa na Copa do Mundo nesta geração.

Se sua equipe bater a Inglaterra no sábado, vai ser a primeira vez em 40 anos que Portugal chega à semifinal. Scolari ainda conquistou um recorde de 11 vitórias consecutivas em jogos da Copa, sete com o Brasil e quatro com Portugal. "Estamos aqui para ajudá-lo a bater mais recordes", disse o meio-campo Maniche, que marcou dois gols até agora no torneio.

"É sempre um privilégio trabalhar com um dos melhores do mundo. Scolari tem muita experiência e transmite isso aos jogadores", acrescentou ele. Felipão certamente passa o recado, vigiando a área como um tigre, gritando e gesticulando intensamente para os jogadores - um contraste enorme com Sven-Goran Eriksson, que se mantém sentado e contido. O craque Deco, que também nasceu no Brasil, descreveu seu chefe como "um vencedor." "Ele tem uma personalidade forte e é amigo dos jogadores. O segredo do seu sucesso é o clima que ele cria no grupo.

Estamos muito felizes com ele", disse ele. O veterano capitão Luis Figo diz que ele é um trunfo inestimável. "Neste momento, Scolari é extremamente importante para desenvolver a seleção. Teríamos sorte se continuássemos a trabalhar com ele", disse ele. O contrato de Felipão com Portugal termina no dia 31 de julho, e ele se recusou a dizer se vai renová-lo.

Mesmo tendo abandonado as conversações com a associação de futebol inglesa sobre se tornar o sucessor de Eriksson dois meses atrás, ele não descartou assumir o time inglês um dia, se Portugal deixá-lo. Mas o técnico diz que seu sucesso não tem segredos.

"Sou um bom técnico e consegui bons resultados em minha carreira. Mas acima de tudo sou um bom amigo para as pessoas com quem trabalho", disse ele. "Em 99 por cento dos lugares onde trabalhei, as pessoas gostam de mim porque sou uma pessoa expansiva, feliz."


Reuters