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Índios Krahôs recebem prêmio internacional

InfoMESA - 14 de outubro de 2003 - 09:13

A ONG italiana Slow Food divulgou na quinta-feira (09/10), em Roma, os vencedores do prêmio Slow Food Award 2003. O projeto dos índios krahôs, localizados no interior de Tocantins, já está entre os 10 melhores do mundo por preservar e valorizar os alimentos tradicionais de sua tribo, como o milho pôhypey. Ao todo foram 200 candidatos concorrendo ao mesmo prêmio. O resgate da cultura alimentar faz parte do Programa Fome Zero e é desenvolvido em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Fundação Nacional do Índio (Funai). A premiação é de ¬ 3,5 mil (aproximadamente R$ 10,7 mil). Se os brasileiros ficarem entre os três primeiros receberão uma quantia extra de ¬ 7,5 mil (cerca de R$ 23 mil). A cerimônia oficial e a divulgação final serão no dia 9 de novembro, em Nápoles, na Itália.

Hoje, a Kraholândia é uma reserva de 320 mil hectares no nordeste de Tocantins, um território de savana e florestas localizadas nas proximidades de três rios. Nos anos 70, a maior parte dos cultivos tradicionais da etnia Krahô foi substituída pela produção de arroz. Mas essa espécie não era adaptada ao terreno e aos hábitos alimentares da comunidade. Com isso, cerca de 2 mil índios, divididos em 16 aldeias, começaram a perder sua própria cultura, já que a plantação e coleta dos alimentos envolviam vários rituais típicos. O paparuto, por exemplo, mistura de massa de milho e carne enrolada em folhas de palmeiras, era preparado pela tribo durante toda a noite sobre brasas. A tribo ainda realiza festas como a do milho, celebrada na passagem da seca para a chuva, e a da batata, com competições entre as famílias Wakmejê e Katamjê.

O Fome Zero, a Funai e a Embrapa conseguiram resgatar esse alimento tradicional. Ainda nos anos 60, as sementes do pohumpéy foram coletadas nas tribos dos índios xavantes do Mato Grosso e guardadas por pesquisadores nas câmaras frigoríficas do banco de germoplasma da Embrapa. Era o impulso que faltava para que o produto voltasse a ser plantado na região. Esse tipo de milho, além de ser mais resistente ao clima, possui alto valor nutritivo. Não por acaso, a produtividade da reserva aumentou e os índios estão se alimentando mais e melhor.

Em abril deste ano, o Ministério Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome (MESA) assinou um acordo de cooperação com a ONG Slow Food para apoiar atividades produtivas de qualidade no setor agroalimentar. A intenção da Embrapa, da Funai e do Fome Zero é trabalhar em parceria para defender a biodiversidade e o desenvolvimento de pesquisas inovadoras e sustentáveis para os povos nativos do Brasil. "O resgate dos alimentos tradicionais é essencial para manter a cultura e boa alimentação dos índios brasileiros. A farinha de batata-doce, outro produto típico dos krahôs, também estava extinta e hoje já está sendo plantada na região", disse o ministro de Segurança Alimentar, José Graziano da Silva.

Prêmio Slow Food Award 2003
A Slow Food é uma associação sem fins lucrativos que apóia atividades produtivas no setor agroalimentar, visando a preservação dos saberes e dos sabores dos alimentos típicos. A primeira edição deste prêmio aconteceu em 2000 e teve como objetivo destacar as atividades de preservação e valorização de alimentos tradicionais em todo o mundo. O prêmio conta com um júri internacional de 600 observadores e especialistas.

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