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Idosos precisam de mais autonomia
Pesquisa mostra que, em bairro periférico de São Carlos, maior parte dessa população depende de alguém da família para exercer certos tipos de atividade. Quase a totalidade necessitou dos serviços de saúde nos últimos seis meses.
A população idosa brasileira vem aumentando e, com ela, a probabilidade de sobrevivência a partir dos sessenta anos de idade. No entanto, esse aumento da expectativa de vida depende, em grande parte, da possibilidade de acesso a condições dignas de vida e de renda, fator determinante da qualidade com que se vai envelhecer. Nesse sentido, pesquisadores da Universidade de São Paulo resolveram traçar o perfil da condição de vida e de saúde da população idosa de baixa renda de um bairro periférico do município de São Carlos (SP).
Participaram do estudo 523 idosos, sendo a maioria analfabeta e da faixa etária que vai dos 60 aos 69 anos. De acordo com artigo publicado na edição de novembro/dezembro de 2004 dos Cadernos de Saúde Pública, 82,8% não exerciam atividade remuneradas. Além disso, cerca de 50,0% das mulheres relataram ter um companheiro, enquanto, entre os homens, 75,4% conviviam com uma companheira. Pouco mais da metade dos idosos informou viver com os filhos ou netos.
Os pesquisadores constataram também que cerca de 83% não praticavam atividades físicas. Entre as doenças referidas, as de mais alta prevalência nos participantes foram: a hipertensão arterial, os problemas de coluna e os problemas de má circulação. Quanto à capacidade funcional ou autonomia para as atividades da vida diária, 23,6% dos participantes relataram completa independência, enquanto 13,7% referiram dependência parcial ou total para mais de sete atividades. Grande parte contava com o apoio domiciliar dos filhos e de seus cônjuges.
O estudo revelou ainda que 22,4% dos idosos precisaram passar por algum tipo de internação nos últimos dois anos e 87,0% procuraram algum serviço de saúde nos últimos seis meses. Outro dado importante é o de que cerca de 70% deles utilizavam regularmente algum tipo de medicamento.
Segundo a equipe, torna-se necessário estimular a manutenção da autonomia total do idoso pelo maior tempo possível: neste sentido, a atenção básica, considerada a porta de entrada para os serviços de saúde, deve ser reorganizada para atender às necessidades desta população idosa que deverá contar, entre outros fatores, com a presença de profissionais devidamente treinados. Os pesquisadores ressaltam também a importância do apoio familiar. Levando em consideração que o ambiente familiar constitui-se na principal fonte de apoio ao idoso, há que se estimular o fortalecimento das relações familiares com o propósito de se minimizarem as dificuldades e angústias vivenciadas por ambos, idosos e familiares, afirmam no artigo.
Agência Notisa (jornalismo científico - science journalism)