Cassilândia Notícias

Cassilândia Notícias
Cassilândia, Sexta, 26 de Abril de 2024
Envie sua matéria (67) 99266-0985

Geral

Homem tenta atear fogo ao corpo em frente ao Palácio

Gabriela Guerreiro/ABr - 04 de maio de 2004 - 16:52

Pela segunda vez em menos de um mês, um homem tentou atear fogo ao próprio corpo em frente ao Palácio do Planalto, para chamar a atenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O paraibano Reginaldo Oliveira do Nascimento, de 45 anos, tentou no início da tarde de hoje atear fogo ao corpo, mas foi contido a tempo por bombeiros do Palácio. Ele denunciou estar sofrendo maus tratos no Serviço de Proteção Especial ao Depoente da Polícia Federal.

Reginaldo está em Brasília desde fevereiro vivendo com a esposa, o filho Kleber, a nora e uma neta de quatro anos em um dos abrigos da Polícia Federal para testemunhas. Ele foi incluído no serviço depois de fazer graves denúncias contra o crime organizado da Paraíba.

Segundo o filho de Reginaldo, Kleber Pereira do Nascimento, o pai decidiu atear fogo ao corpo ao receber na semana passada carta informando sobre o seu desligamento do programa. O prazo para Reginaldo e a família deixarem o abrigo terminaria hoje.

O motivo para o motorista ser desligado do programa, segundo a Polícia Federal, foi o não cumprimento de uma série de normas previstas para a proteção de testemunhas. A PF garante que Reginaldo tentou fugir da casa onde estava instalado e, por diversas vezes, deixou o local sem estar acompanhado por policiais. A Assessoria de Imprensa da Polícia Federal disse que ele sabia das normas, e chegou a ser avisado sobre a possibilidade de ser desligado do programa caso não cumprisse as regras.

O filho de Reginaldo revelou, porém, que o pai decidiu procurar por conta própria ajuda do ministro-chefe da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda, e do próprio presidente Lula depois de passar fome e não receber medicamentos para a neta doente de quatro anos. Só no Palácio do Planalto, segundo Kleber Nascimento, foram quatro tentativas de encontro com o presidente. "Depois que tornamos a história pública, fomos espancados na Polícia Federal e decidiram retirar o nosso direito ao programa", denunciou Kleber.

Reginaldo chegou a jogar álcool ao corpo, mas por estar próximo do Palácio chamou a atenção dos bombeiros e seguranças, que conversaram por cerca de cinco minutos com ele para evitar que acendesse um fósforo. O motorista foi imobilizado por um bombeiro e caiu junto com o militar no espelho d´água em frente ao Planalto. Depois do incidente, ele foi levado para o serviço médico da Presidência da República.

Visivelmente emocionado com a situação do pai, Reginaldo desabafou: "A gente pediu para ele não fazer isso. Mas ele disse que preferia morrer a ver toda a família morta se voltasse para a Paraíba".

No dia 18 de abril último, o desempregado José Antônio Andrade de Souza morreu por falência múltipla dos órgãos depois de atear fogo ao corpo na Praça dos Três Poderes, em frente ao Palácio do Planalto. José Antônio disse logo do ato, que a sua atitude era de desespero por estar passando fome, sem emprego, com família para sustentar. Ele tentava ser recebido pelo presidente da República.

SIGA-NOS NO Google News