Cassilândia Notícias

Cassilândia Notícias
Cassilândia, Sexta, 26 de Abril de 2024
Envie sua matéria (67) 99266-0985

Geral

História: O bicampeão do mundo que jogou apenas uma vez

CBFNews - 19 de março de 2005 - 08:37

Jair da Costa, ponta-direita da Portuguesa de Desportos convocado para a Copa do Mundo de 1962, teve uma trajetória curta na Seleção Brasileira, mas ascensão rápida no futebol - ele não precisou disputar sequer um jogo na campanha do bicampeonato do Brasil para se transferir para o já na época milionário futebol italiano tão logo terminou o Mundial do Chile.

Com 21 anos, nascido em Santo André(SP) e revelado pelo clube do Canindé, o ponta que foi reserva de Garrincha em 1962 teve o passe comprado pelo Internazionale de Milão depois de um treinamento da Seleção no Chile. O argentino Helenio Herrera, treinador do Inter e da Seleção Espanhola (na Copa, a Espanha estava no grupo do Brasil), se encantou com o futebol de estilo rápido e objetivo de Jair da Costa.

- O Internazionale estava formando um grande time. Ele me viu treinando, gostou do meu futebol e em agosto de 1962 me transferi para a Itália, onde fique 10 anos - conta Jair, que viu do banco de reservas no Estádio Sausalito, em Viña del Mar, a Seleção Brasileira enfrentar a Espanha do seu futuro treinador em um jogo inesquecível

- Foi o jogo mais difícil da Copa do Chile. O Brasil quase perdeu, acabamos fazendo 2 a 1 de virada.

Foi também do banco de reservas que Jair da Costa viu Garrincha "ganhar sozinho" o Mundial de 1962. Ele sabia que não teria chance de jogar, era obrigado a se conformar com a reserva, mas, ao contrário do que muitos julgam, não se considera "azarado" por ter ficado à sombra do maior ponta-direita da história do futebol.

- Ao contrário, acho que tive muita sorte. Na época, além do Garrincha, que era o titular absoluto, o futebol brasileiro tinha grandes pontas-direitas, que poderiam estar na Seleção na Copa. Mas fui eu quem viajou para o Chile - diz.

Da mesma forma, Jair não se sente diminuído por ter entrado em campo uma única vez pela Seleção Brasileira. Ele lembra, feliz, do jogo contra País de Gales, no dia 16 de maio de 1962, o último amistoso do Brasil antes da Copa do Chile.

- A Seleção Brasileira venceu por 3 a 1, com dois gols do Pelé e um de Vavá - conta Jair, que foi substituído por Garrincha no segundo tempo.

Negociado para o Internazionale depois do Mundial do Chile, Jair viu diminuir a possibilidade de voltar à Seleção Brasileira - nos anos 60, assim como não eram muitos os jogadores que deixavam o Brasil, não havia o costume de se convocar jogadores que atuavam na Europa. Ainda assim, ele foi relacionado para a Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra.

- Mas tive de pedir dispensa, pois fiz uma cirurgia no ombro - conta.

Em 1966, já fazia quatro anos, Jair da Costa brilhava e era um dos destaques do Internazionale, à época um dos maiores times do mundo, cheio de craques que ele vai citando: Burgnich, Fachetti, Sandrino mazola, Suarez (da Seleção Espanhola), Corso.

- Era um grande time, que jogava um futebol ofensivo. Eu estava em grande fase, tinha o carinho da torcida. No Inter, ganhei muitos títulos - diz.

Foram quatro títulos do Campeonato Italiano. Duas Ligas de Campeões da Europa e duas vezes campeão mundial interclubes. Um currículo de vencedor que o faz até hoje respeitado em Milão, para onde viaja sempre que pode.

- No Museu do Internazionale, no Estádio San Siro, tem a minha foto, chuteira, camisa, tudo está lá na galeria dos grandes jogadores. Fui muito feliz no Inter - diz.

Jair era tão querido e respeitado pela diretoria do Internazionale que voltou o clube depois que o Roma comprou o seu passe, em 1967. Ficou lá um ano somente.

- Tinha disputado três temporadas pelo Inter e fui vendido para o Roma. A torcida gostava tanto de mim que a diretoria do Inter me recomprou - conta.

Da Portuguesa, onde começou como profissional(Jair, Sílvio, Servílio, Ocimar e Nílson é o ataque que escala na ponta da língua), e do futebol dos anos 60 que chama de romântico, Jair da Costa diz que sente saudades.

- Até porque fiquei pouco tempo no Brasil. Quando fui para a Itália, lá já se jogava esse futebol que se pratica hoje, de prioridade para a marcação e muita força física. Então, dá mesmo saudade - conta Jair, aposentado da atividade de professor de escolinha de futebol, aos 65 anos, pai de quatro filhos e dois netos

SIGA-NOS NO Google News