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Grave crise na pesca em Três Lagoas

Famasul News - 04 de dezembro de 2006 - 15:02

Os pescadores da região de Três Lagoas, que há meses vêm sofrendo com a escassez cada vez maior de exemplares nos rios, agora enfrentam a sua pior crise. Polêmica sobre a contaminação dos peixes do Rio Paraná fez os profissionais cessarem, até mesmo, a pesca de sobrevivência, já que o período é de paralisação da pesca profissional, em razão da piracema.

No sul do Estado surgiram os primeiros casos de mortandade de peixes, principalmente nas regiões de Navirarí, Mundo Novo e Guaíra (PR). Estudos realizados pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) detectaram 320,80 de unidades grama de sulfato de cobre nos peixes encontrados mortos.

Essa quantidade está acima do normal nas espécies existentes no rio. A substância pode causar câncer, no entanto, ainda não se sabe se esse aumento é prejudicial à saúde.

Em Três Lagoas, na semana passada, os pescadores recolheram pelo menos 40 peixes das espécies piau e cascudo preto que apresentavam manchas e hematomas, além de forte cheiro.
Para o presidente da Colônia de Pescadores de Três Lagoas, Milton Gárcia Duarte, a crise atingiu um ponto que nem mesmo a própria classe pode sobreviver daquilo que faz. "A falta de peixes vinha sendo sentida há alguns anos, no entanto, há dois meses, aproximadamente, as vendas cessaram totalmente. Os próprios pescadores estão com medo de vender o peixe ou até mesmo consumi-lo por conta da possível contaminação".

A solução empregada há anos são os chamados ‘bicos’ que os pescadores realizam em trabalhos nos setores de construção e comércio. "Sinto que a nossa profissão está se extinguindo", desabafa.

Para ele, isso vem fazendo com que o próprio bairro de Jupiá, formado inicialmente apenas por pescadores, perca um pouco de sua história. "Como a pesca se torna ruim a cada dia, muitos dos pescadores acabam procurando outras profissões, se distanciando da história de Três Lagoas", diz.

Para ele, a decadência da pesca teve início com o crescimento do município. "Não somos nós que acabamos com os peixes e sim o processo de industrialização que a cidade vem passando, principalmente com a construção da usina (hidrelétrica de Jupiá)", declara.

Se a situação estava difícil, com o aparecimento de peixes mortos às margens da rodovia piorou a situação. A procura pela carne branca nas peixarias do bairro de Jupiá já caiu 70% o que fez com que os próprios profissionais deixassem de ir para o rio. O problema deve se agravar ainda mais já que a própria Vigilância Sanitária recomendou uma suspensão do consumo de peixe até que se saiba o porquê das mortes dos animais.


Marisa Coutinho - Correio do Estado

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