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Genro de Jefferson nega intermediar contratos

Agência Câmara - 25 de agosto de 2005 - 08:42

Em depoimento nesta quarta-feira na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, o genro do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), Marcus Vinícius Vasconcelos, negou que tenha atuado como intermediador de empresas interessadas em obter contrato com os Correios. Ele afirmou ao relator da CPMI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que esteve nos últimos dois anos apenas oito ou dez vezes na estatal. Vasconcelos foi acusado pelo ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios Maurício Marinho de representar o sogro na execução de um esquema de arrecadação de recursos para o PTB na estatal.

Contradições
Já ao final do depoimento, o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) leu trechos do depoimento de Marcus Vinicius ao Ministério Público, onde ele diz textualmente que avaliava licitações. A partir disso, Cardozo considerou estranho que o Instituto do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) tenha indicado a corretora Assurê, de Henrique Brandão, empresário ligado ao deputado Roberto Jefferson, para fazer os seguros das usinas de Angra I e II e que a corretora tenha vencido as licitações da Eletronuclear para atuar nessas empresas de energia nuclear. Cardozo lembrou que diretores tanto do IRB quanto da Eletronuclear foram indicadas pelo PTB.
Marcus Vinícius, que se apresentou como ex-assessor da diretoria da Eletronuclear, alegou que essas licitações não foram feitas por sua diretoria, e sim pela diretoria administrativa, que era ocupada por uma pessoa ligada ao PT. Cardozo, no entanto, acredita que será possível provar qualquer operação de desvio de recursos principalmente a partir dos contratos dos Correios, do IRB e da Eletronuclear. "Acho que nesse cruzamento de dados é que vamos descobrir se há culpa ou não", indicou. Para ele, além das contradições entre os depoimento de Vasconcelos à CPMI e ao MP, há pontos de divergência entre os depoimentos dele, de Cristiano Brandão, filho do empresário Henrique Brandão; e o de Maurício Marinho.
Vasconcelos, que pertence à executiva do PTB, afirmou que se encontrou no máximo duas vezes com Marinho. O ex-chefe dos Correios foi flagrado recebendo R$ 3 mil de propina para favorecer uma empresa em licitação da estatal.
O genro do deputado disse que ia à estatal para tratar de assuntos políticos com o ex-diretor de Administração dos Correios Antônio Osório, superior de Marinho. Destacou ainda que nunca fez nenhum pedido a Osório.

Destino dos R$ 4 milhões
Vasconcelos confirmou, no entanto, a versão de que o ex-presidente do PTB teria recebido R$ 4 milhões do PT, por meio do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Disse que, "como cidadão comum", acha que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia de tudo sobre esquema de caixa dois de campanha.
Em resposta à senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), o depoente afirmou que considera natural ser conhecido como os "olhos e ouvidos de Roberto Jefferson", já que trabalhou no gabinete do deputado por vários anos e conhecia toda a bancada do PTB.
Ao responder a perguntas do deputado Maurício Rands (PT-PE), Vasconcelos disse que não sabe o que Jefferson fez com os R$ 4 milhões que teria recebido do PT. No entanto, ele acredita que os recursos não foram distribuídos aos candidatos do PTB nas eleições de 2004.
Ele lembrou que o recebimento irregular do dinheiro do PT não foi discutido na Executiva do partido. O genro de Jefferson afirmou ainda que nunca guardou recursos para o PTB nos dois cofres que têm em casa.
O deputado Carlos Abicalil (PT-MT) também questionou o depoente sobre sua opinião quanto ao destino dos R$ 4 milhões. Vasconcelos explicou que presenciou telefonemas de prefeitos pressionando o sogro em busca de recursos. "Se ele tivesse distribuído, não haveria reclamações", supôs.
Em resposta as perguntas do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Vasconcelos defendeu o sogro, afirmando que Roberto Jefferson contribuiu para desvendar o esquema de corrupção no País. Disse que toda a sua família está sofrendo com a crise política, mas se sente honrada com a decisão do deputado de denunciar o "mensalão".


Reportagem - Oscar Telles e Marcello Larcher
Edição - Regina Céli Assumpção


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