Pesquisa mostra que óleo de citronela apresenta atividade acaricida, havendo um aumento no controle da parasitose à medida que as concentrações do produto são elevadas.

O prejuízo econômico devido a parasitas externos em rebanhos bovinos no Brasil ultrapassam dois bilhões de dólares por ano. Desse total, 75% são atribuídos ao carrapato. As demais parasitoses – mosca-dos-chifres, berne, miíases, mosca-dos-estábulos – somadas correspondem aos 25% restantes. O controle das parasitoses, basicamente, tem sido feito com produtos químicos, no entanto, é muito comum o desenvolvimento de resistência aos defensivos, especialmente em rebanhos de bovinos leiteiros. Nesse contexto, a fitoterapia surge como uma alternativa importante no controle de parasitas, podendo reduzir os impactos econômicos e ambientais ao uso de pesticidas sintéticos. Isso é o que mostram Clair Jorge Olivo e equipe da Universidade Federal de Santa Maria em um estudo que avaliou a eficácia do óleo de citronela como ectoparasiticida em bovinos leiteiros.

De acordo com artigo publicado na edição de março/abril da revista Ciência Rural, “a citronela, cultivada em regiões tropicais e subtropicais, destaca-se entre as plantas indicadas para o controle de insetos. O óleo extraído de suas folhas, frescas ou parcialmente dessecadas, é usado como repelente de mosquitos. Essa propriedade é atribuída à presença de substâncias voláteis em suas folhas, como citronelal, eugenol, geramiol e limoneno, entre outras, denominadas de um modo geral como monoterpenos”.

Os resultados mostram que o óleo de citronela apresenta atividade acaricida, havendo comportamento similar entre as soluções elaboradas com produtos de diferentes fontes de produção. De acordo com a equipe, “esta ação acaricida deve-se ao princípio ativo citronelal, de comprovada ação inseticida e houve um aumento no controle do carrapato à medida que as concentrações de óleo foram elevadas”.

Segundo os pesquisadores, levando-se em consideração que as soluções feitas com extratos de plantas tendem a apresentar menor toxicidade aos mamíferos, rápida degradação e desenvolvimento lento de resistência, os resultados podem ser importantes como estratégia de controle do carrapato em diferentes sistemas de produção. “Constata-se, no entanto, a necessidade de se realizar novos estudos para otimizar o óleo de citronela, especialmente na avaliação com emulsionantes, na forma e no período de utilização do produto constituído”, destacam no artigo.

Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)