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Fatores que alteram o número de células de Langerhans

Agência Notisa - 17 de setembro de 2004 - 15:46

Menarca depois dos 13 anos, a precocidade sexual e a existência de antecedentes de cauterização do colo uterino estariam associadas a uma menor quantidade dessas células, que parecem desempenhar um papel importante no combate à infecção pelo papilomavírus humano (HPV) e ao câncer.

Fatores biocomportamentais alteram o número de células de Langerhans no epitélio do colo uterino. Essa é a conclusão de uma pesquisa coordenada por Nelson Shozo Uchimura, do Departamento de Medicina da Universidade Estadual de Maringá, no Paraná. O trabalho foi publicado na Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (volume 26; número 4.

As células de Langerhans são fundamentais no sistema de vigilância imunológica. Fazem fagocitose e funcionam como células apresentadoras de antígenos virais ou tumorais. Elas têm sido associadas à defesa contra lesões causadas pelo papilomavírus humano (HPV) e contra o câncer de colo uterino.

Estima-se que 34% das mulheres sejam infectadas pelo HPV durante a vida. “Essa infecção é geralmente crônica, mesmo na adolescência, quando o sistema imunológico está francamente ativo”, dizem Uchimura e sua equipe no artigo. Uma infecção crônica em paciente imunocompetente pode indicar falha na apresentação do antígeno viral ao sistema imunológico ou no reconhecimento, através de reação específica, das células infectadas pelo HPV. Portanto, “a imunidade local, medida pelas células de Langerhans, pode ser a chave do mecanismo defensivo do hospedeiro contra infecção por HPV e contra o desenvolvimento de carcinoma cervical”, acrescentam.

Os pesquisadores investigaram 30 mulheres com amostras de colo uterino negativas para HPV (pelo método da captura híbrida) atendidas, entre agosto de 1999 e novembro de 2001, no ambulatório da Clínica da Mulher, da Secretaria de Saúde do Município de Maringá (PR). Todas apresentavam alterações citológicas ou lesão no colo uterino.

Mulheres cuja menarca ocorreu após os 13 anos tinham uma média de 173 células de Langerhans por milímetro quadrado do epitélio do colo uterino. Já as com menarca antes dessa idade apresentavam 271 células por milímetro quadrado. Foram encontradas, em média, 127 e 250 células por milímetro quadrado em mulheres que iniciaram sua vida sexual antes e depois dos 17 anos, respectivamente. Pacientes que já haviam sido submetidas a cauterizações do colo uterino mostravam 120 células por milímetro quadrado, enquanto a mesma área era ocupada pelo dobro de células em mulheres que nunca haviam passado por esse tratamento. Não houve associação da quantidade de células de Langerhans com a idade da paciente nem com o número de gestações.

“No presente estudo, observamos associação de fatores biocomportamentais como a idade da menarca, a precocidade sexual e os antecedentes de cauterizações de colo uterino com a diminuição do número das células de Langerhans”, resumem Uchimura e sua equipe no artigo. “Estudos mais detalhados devem ser realizados para esclarecer a influência desses determinantes da imunosupressão e aprimorar ainda mais os programas de prevenção e de tratamento das neoplasias de colo uterino”, recomendam.


Agência Notisa (jornalismo científico - scientific journalism)

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