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Especial AI-5: Pedro Simon diz que ato foi reação

Marcos Chagas, ABr - 13 de dezembro de 2008 - 13:29

Brasília - A intensidade com que os militares reagiram, em 1968, às crescentes manifestações populares pela retomada do Estado Democrático de Direito foi tamanha, que pegou de surpresa todos os opositores ao regime instituído pelo golpe de 1964. A afirmação é do senador Pedro Simon (PMDB-RS) que, à época da edição do Ato Institucional nº 5, em 1968, era deputado estadual pelo Rio Grande do Sul.

Para Simon, os militares usaram o pedido de cassação do deputado Márcio Moreira Alves (PMDB-RJ) apenas como um pretexto para consolidar a permanência indefinida no poder. Moreira Alves desancou o as Forças Armadas em um discurso da tribuna da Câmara, no qual pedia que o povo não participasse das comemorações do 7 de setembro e que as moças não namorassem militares.

“O discurso do Márcio Moreira Alves, em si, foi um discurso ingênuo, bobo, um pinga-fogo de cinco minutos. Era verdade que ele dizia para as garotas não namorarem os cadetes, até para as mulheres dos militares fazerem greve de sexo enquanto eles não retomassem a democracia. Para surpresa, dois dias depois veio a reação [dos militares] e houve o pedido para processar o Márcio Moreira Alves” recordou.

Diante da situação posta e da mesma radicalização assumida por opositores ao regime, Simon optou pela resistência político-partidária. De acordo com o parlamentar, a postura assumida pelos políticos que se entrincheiraram no Movimento Democrático Brasileiro (MDB) foi tachada como “covarde e acomodada” por colegas, que combatiam a ditadura e optaram pela luta armada.“Eles diziam que era um absurdo, que era uma loucura, porque iríamos ficar aqui 200 anos na base da mentirinha”, recorda o peemedebista.

Simon também aprendeu suas lições nos 21 anos de combate institucional à ditadura militar. “A gente tem que ter muito cuidado na vida política, porque é fácil você cair e é difícil você retomar”, avaliou.

Um dos autores do pedidos do impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB-AL), hoje colega de Senado, Pedro Simon viveu este momento político em 2005, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou pelo período mais difícil de seu governo, com as investigações da CPI do Mensalão, que levou à demissão o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.

Naquele momento, afirmou Simon, o PFL [hoje, Democratas] teria reunido juristas para avaliar um pedido de impeachment do presidente Lula. “Eu fiquei sabendo e fui lá, eu fui um dos coordenadores do impeachment do Collor, e disse: ‘Olha, vocês estão cometendo um equívoco. Me perdoem os juristas, mas para fazer a petição de impeachment não precisa de jurista. Eu mesmo, que sou um advogadozinho, faço. O problema é botar a marca na petição, o problema é o embasamento político, a cobertura”, relatou o senador do PMDB.


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