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Esclerose múltipla acomete principalmente mulheres jovens

Agência Notisa - 18 de agosto de 2011 - 20:24

Agência Notisa – A Academia Brasileira de Neurologia (ABN) promove na última semana de agosto uma campanha de conscientização sobre esclerose múltipla em 13 cidades brasileiras. Em coletiva de imprensa on-line, realizada na manhã de hoje (18), Maria Fernanda Mendes, neurologista do departamento de Neuroimunologia da ABN, lembrou que a esclerose múltipla é o distúrbio desmielinizante mais comum do Sistema Nervoso Central e, ao contrário do que se pensa, acomete principalmente jovens. Essa doença multifatorial, segundo ela, é de grande importância para a saúde pública, pois é a enfermidade neurológica crônica mais comum na Europa e na América do Norte. Considerada uma das principais doenças incapacitantes, hoje, com a melhora do conhecimento, surgimento de novas medicações e maior acesso à informação, o cenário começa a mudar.



Estudos apontam que no Reino Unido, a cada 100 mil habitantes, 224 apresentam esclerose múltipla. No Brasil, embora a prevalência seja menor, o tema também desperta preocupação. “Um estudo antigo realizado no município de São Paulo mostrou que quatro em cada 100 mil pessoas apresentavam a doença. Em 2000, observou-se que 15 a cada 100 mil tinham a enfermidade. No Recife, por exemplo, a prevalência é mais baixa (1:100mil). Percebemos uma quantidade de casos maior no Hemisfério Norte do que no Sul, sendo que no Brasil há uma prevalência média no Sudeste e no Sul, e menor nas regiões Norte e Nordeste”, afirmou a especialista.



Segundo Maria Fernanda, por ser uma doença multifatorial, a esclerose múltipla é consequência de uma série de fatores, por exemplo, genéticos e ambientais. “Genético não significa geneticamente herdada. Genético quer dizer que o indivíduo apresenta fatores que podem predispor ao aparecimento da doença”, esclareceu.



Já os componentes ambientais podem ser desde infecções virais não específicas até questões relacionadas à higienização (vacinação, ambiente asséptico, distribuição geográfica) e alimentação.



O desenvolvimento da esclerose múltipla é caracterizado por uma série de modificações imunológicas no organismo que fazem com que células de defesa consigam chegar ao Sistema Nervoso Central e passem a atacá-lo. Os neurônios possuem um prolongamento denominado axônio que é envolto por uma estrutura chamada de bainha de mielina. É justamente essa bainha o alvo das células de defesa.



“Determinadas áreas atacadas no cérebro vão sofrer mais, por exemplo, o nervo óptico, o tronco cerebral a medula espinhal”, disse a médica.



Maria Fernanda lembrou que quando não ocorre dano na estrutura neuronal, pode ocorrer remineralização.



As primeiras manifestações da esclerose múltipla, segundo a especialista, costumam ser observadas em jovens na faixa dos 25 anos. “A frequência é maior em mulheres, cerca de três para um, embora ainda não se saiba o porquê. As primeiras manifestações ocorrem de forma isolada, ou seja, um sintoma único que faz com que o médico suspeite da doença”, afirmou.



Entre os sintomas mais comuns estão as alterações visuais (por exemplo, visão dupla e perda de visão em cores); alterações de sensibilidade como dormência mais persistente, alternações da mobilidade, por exemplo, paralisia, dificuldade de caminhar, perda de equilíbrio e incontinência urinária.



Essas manifestações, segundo a médica, acontecem na forma de surtos e remições. “Surtos são novos sintomas diferentes dos que aconteceram antes, mas que duram 24 horas no mínimo. Dizemos que o paciente está tendo outro surto quando há um intervalo de 30 dias entre os eventos”, explicou.



Existem diferentes formas clínicas da doença e o diagnóstico é pautado em três fatores: boa história clínica, exame neurológico e exames subsidiários. A ressonância magnética de encéfalo e medula é um dos exames mais importantes, pois mostra se há lesões na substância branca em áreas específicas. Já o exame de líquido cefalorraquidiano é usado para eliminar outras causas possíveis.



Tratamento

Segundo a médica, o tratamento visa acelerar a recuperação dos surtos, diminuir o número e a gravidade desses surtos, impedir a progressão da doença, além de prevenir o acúmulo de incapacidades.



Existem diferentes medicamentos para o tratamento da doença e novas drogas vêm sendo aprovadas pela ANVISA (imunomoduladores, anticorpos monoclonais e imunossupressores) e outros estão em fase de aprovação, por exemplo, fingolimode.



O transplante autólogo de medula é também uma opção quando outras possibilidades foram esgotadas.



Suely Berner, diretora da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM), instituição filantrópica sem fins lucrativos, também participou da coletiva de imprensa. Ela explicou que essa instituição presta assistência e orientação aos pacientes e seus familiares com o objetivo de lhes proporcionar uma qualidade de vida melhor. Para maiores informações, acesse: http://www.abem.org.br/.



Vale lembra que a campanha da ABN acontecerá em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Brasília, Bahia, Goiás, Paraná, Espírito Santo e Santa Catarina. O projeto conta com o patrocínio das indústrias farmacêuticas Bayer e Novartis. Durante a coletiva, também estiveram presentes representantes das mesmas, Kátia Koronin (Bayer) e Leandro Martins (Novartis).



Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)

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