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Ele dorme 4 horas por dia porque aprendeu cedo que é na juventude que se "rala"

Campo Grande News - 12 de março de 2014 - 10:21

Hoje ele tem 18 anos, mas o estudante Gabriel Nantes mantém uma rotina de adulto desde os 15. Aprendeu cedo que, ou rala agora, ou não vai conseguir melhorar a condição financeira.

De seminarista, agora o rapaz estuda para ser engenheiro. Não há nada de fenomenal nisso, ele não tem qualquer limitação fisica que costuma ser motivo para enaltações, mas o esforço destoa tanto da maioria dos jovens, que uma grande empresa da cidade transformou o rapaz em exemplo.

O empenho é tamanho, que no fim de março o contrato de trabalho como jovem aprendiz se encerra, mas os colegas deram um jeito e ele será contratado como funcionário terceirizado, como assistente administrativo, já que para ser efetivado é preciso fazer concurso público.

A rotina que mais parece um fluxograma, começa às 4h30 da manhã e segue de segunda a sexta-feira. Ele acorda três horas antes de começar o expediente. Gabriel mora no bairro Aero Rancho, precisa de dois ônibus coletivos e mais um particular da empresa Eletrosul para chegar até o trabalho, que fica na saída para a cidade de Três Lagoas.

Neste ano, começou a cursar Engenharia Civil, na Universidade Católica de Mato Grosso do Sul. Então, o retorno para casa acontece por volta das 23h40. Por dia ele dorme cerca de 4 horas. Nos finais de semana, o que sobra é o descanso. "Eu saio, tenho amigos, mas prefiro usar o sábado e o domingo para descansar", justifica

Mas nem sempre a rotina pesada foi para ganhar a vida. Com 15 anos de idade, Gabriel decidiu que queria viver em função da caridade. Por conta disso, se mudou para Ponta Grossa, no Paraná e virou seminarista, onde começou a ter a formação para ser padre. Mas segundo ele, a vontade era apenas ser irmão religioso, não consagrado. “Não queria ser padre, sempre quis ajudar. Na igreja ele consagra, e queria me dedicar à comunidade”, explica.

Filho de dona de casa e de motorista de caminhão, o pai não foi a favor da vocação de Gabriel e, em 2012, ele voltou a Campo Grande por conta do avô, que estava debilitado por conta de um câncer. “Me arrependo em não ter seguido no seminário, era algo que queria bastante, mas hoje já não é minha vontade principal”.

O chefe do estudante, o servidor Jarbas dos Santos Bezerra, de 46 anos, é todos elogios a Gabriel. E conta, que em 27 anos de profissão, percebe que a cada ano é mais difícil encontrar profissionais realmente interessados. Na avaliação dele, quanto mais jovens, mais difícil é contratar alguém com esse perfil. “Chegam aqui e fazem o trivial, mas não são pró-ativos, não buscam aprender, ter o conhecimento da função”.

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