Uma das principais vozes identificadas com a agenda política dos movimentos ambientalistas dentro do governo do Estado, o vice-governador Egon Krakhecke foi taxativo ao dizer o projeto que permite a instalação de usinas de açúcar e álcool no entorno do Pantanal deve ser “ou arquivado na CCJ [Comissão de Constituição e Justiça] ou rejeitado pelo plenário” da Assembléia Legislativa.

Ao prever o sepultamento do projeto em seu discurso na Conferência Estadual de Meio Ambiente, o vice-governador foi interrompido pelas palmas da platéia, basicamente composta por militantes de causas ecológicas que se opõem ao projeto.

Egon disse que existe um “clima de consternação pelo ato de emolação do Franselmo”. A referência do vice-governador foi ao ambientalista Francisco Anselmo Gomes de Barros, 65, que morreu no domingo depois de ter ateado fogo ao próprio corpo em um protesto contra o projeto das usinas, na manhã de sábado, no centro de Campo Grande.

Ele se disse surpreso com a atitude de Franselmo, a quem conheceu há 25 anos justamente na mobilização dos ambientalistas contra a instalação da usina de açúcar e álcool da Bodoquena. A usina, que seria a maior do mundo, motivou intensos protestos da sociedade civil no início da década de 80 por causa dos riscos ambientais, resultando na lei que hoje o projeto do governo pretende alterar.