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Diabéticos desconhecem principal causa de cegueira
A retinopatia diabética é a principal causa de cegueira em pacientes diabéticos. Para se ter uma idéia, estudos mostram que, após 15 anos de diabetes, a prevalência de retinopatia entre os portadores dependentes de insulina é de 97% e, entre os não dependentes, de 80%. Apesar disso, muitos pacientes desconhecem a doença, sua gravidade e o tratamento a laser. Isso é o que mostram pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas, em um estudo realizado com 299 diabéticos.
Os pacientes foram submetidos a um questionário e a exames de fundo de olho. De acordo com artigo publicado na edição de maio/junho de 2005 dos Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, o estudo teve o objetivo de identificar conhecimentos e opiniões de um grupo de diabéticos referentes à retinopatia diabética e seu tratamento, a fim de fornecer informações que possam contribuir para implementar e/ou aperfeiçoar programas e ações preventivas e de controle dessa afecção ocular.
Os pesquisadores observaram que mais da metade dos entrevistados desconhecia a gravidade da própria doença ocular ou consideravam-na sem gravidade. Esse fato evidencia a necessidade de programa de prevenção de retinopatia, visando a esclarecer a população a respeito da importância e utilidade das ações preventivas referentes à retinopatia diabética, ressaltam no artigo.
Além disso, a equipe verificou que 32,4% dos pacientes declaram não saber da existência de cirurgia ou laser para tratamento de retinopatia diabética. Entre os que não procuraram tratamento, a principal razão apontada foi a de não sentir necessidade. Muitos disseram ainda que tinham medo de realizar o tratamento: o sentimento predominante de medo do tratamento reforça a idéia de que caberia aos serviços responsáveis pelo encaminhamento ao tratamento esclarecer que dificuldades iniciais são compensadas por manutenção por mais tempo de níveis adequados de visão e que a acuidade visual atual não é indício seguro de ausência de retinopatia, ou seja, não assegura manutenção da visão por prazos mais longos.
Os pesquisadores também apontam a necessidade de os endocrinologistas e clínicos gerais serem submetidos a treinamento formal de oftalmologia. Segundo eles, os clínicos gerais, endocrinologistas ou médicos de família, não estão preparados para o importante papel de primeiros triadores de saúde visual que o sistema atual de saúde requer. Isto não é surpresa, pelo fato de que poucos desses médicos receberam treino formal de oftalmologia como parte de sua educação médica ou programa de residência.