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Dia da Mulher: camponesas lutam por melhorias no campo
Buscar incentivos para a comercialização de produtos produzidos por mulheres camponesas é o principal objetivo de Cleuza de Souza Oliveira, de 50 anos, desde que se envolveu com o Movimento das Mulheres Camponesas em Mato Grosso do Sul, há 24 anos. Precisamos de ajuda para comercializar os produtos e de educação de qualidade, voltada para a realidade do campo. As produtoras sentem falta disso, explica a dona de casa que trabalha na pecuária leiteira e produz doces caseiros.
Ela lamenta que a falta de incentivos profissionais tem afastado os jovens do campo e pode, num curto espaço de tempo, transformar a área rural em asilo. Os jovens não se sentem motivados a ficar e produzir, acabam indo para a cidade, explica. Cleusa conseguiu segurar quatro dos cinco filhos. Vamos arrumando uma ocupação aqui, outra ali e eles vão ficando. Agora, quero trazer meu outro filho de volta ao sítio, conta a produtora, que conseguiu convencer o marido a participar dos debates sobre as questões do campo.
Cleuza sempre morou na roça e aponta que poucas têm sorte de contar com o apoio da família. A maioria é muito criticada. Dizem que elas têm que ficar em casa, cuidar dos filhos. Eu fiz tudo isso e ainda arrumei tempo para ajudar as companheiras. A gente sempre arruma tempo, afirma.
Essa é a mesma opinião de Rosani Marize Haubert Santiago, 40. Mesmo vivendo hoje na cidade, ela fez da luta pelas mulheres camponesas a razão de sua vida. Não saberia fazer outra coisa, conta a paranaense, que mora há 16 anos em Mato Grosso do Sul. Rosani lembra que foi criada para ser dona de casa e encontrou no marido apoio para se dedicar a uma causa que, hoje, contagia os três filhos. Não conseguiria ficar em casa ou andar de salto alto. Amo a militância e isso está passando para meus filhos, que sempre me acompanham nos eventos.
Segundo ela, nada é mais gratificante do que semear o conhecimento entre as mulheres camponesas, que enfrentam o machismo até mesmo entre as próprias companheiras. Muitas ainda não entendem nossa luta, mas seguimos em frente, diz.
Se vale a pena? Para Rosani, não há nada mais gratificante do que semear o conhecimento e resgatar a auto-estima de mulheres sofridas. A vida no campo é muito dura. Muitas mulheres são chefes de família e enfrentam todo tipo de violência e discriminação. Mas, quando rasgam o véu, ninguém as segura, conclui.