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Delcídio quer CPI para apurar irregularidades

Cadú Bortolotto - 22 de maio de 2007 - 06:42

O senador Delcídio do Amaral (PT/MS) defendeu nesta segunda-feira a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Congresso Nacional para apurar suspeitas de fraudes em licitações e desvio de dinheiro público detectadas em investigações feitas pela Polícia Federal durante a Operação Navalha, que envolve parlamentares, prefeitos, ministros de estado, governadores e funcionários públicos de vários estados, supostamente beneficiados por um esquema de corrupção montado pelo empresário Zuleido Veras, dono da empreiteira Gautama.

No último final de semana, a imprensa veiculou a informação de que o nome do senador aparecia em um papel apreendido na sede da Gautama com os dizeres “Delcídio – 24 mil – jatinho ”. Surpreso com a notícia, Delcídio decidiu investigar a informação e constatou que o valor corresponde ao custo do aluguel de um avião bimotor utilizado por ele para ir de Brasília a cidade de Barretos, no interior de São Paulo, no dia 4 de março, quando morreu o sogro dele. Na ocasião, o senador pediu a um amigo, Luiz Gonzaga Salomon, empresário que atua há vários anos em Brasília, que providenciasse um transporte para que ele fosse até o enterro do sogro. Salomon entrou em contato com a Ícaro Táxi Aéreo, locou a aeronave e avisou a Delcídio que o pagamento poderia ser feito no prazo de 60 dias, com vencimento em 4 de junho. Salomon assinou o contrato com o táxi aéreo e emitiu um cheque para pagamento, pré-datado para o dia 4 de maio. Sabendo que não teria condições de arcar com o compromisso assumido no prazo contratado, Salomon, sem dar conhecimento ao senador, telefonou para Zuleido Veras e pediu ajuda para pagar o aluguel da aeronave. O dono da Gautama prometeu ajudar Luiz Salomon, mas acabou não quitando a dívida, que está em aberto até hoje. A secretária de Zuleido registrou a ligação de Salomon no papel, que acabou sendo apreendido pela Polícia Federal. Como ele já vinha sendo investigado pela polícia, a ligação telefônica foi gravada.

Nesta segunda-feira Delcídio apresentou, na Tribuna do Senado, uma carta de Luiz Salomon endereçada a ele esclarecendo o episódio, além de cópia do contrato firmado com a Ícaro Táxi Aéreo, onde consta o número do cheque dado em pagamento. O senador entregou também diversos documentos que comprovam que ele não tem qualquer ligação com a empreiteira. Entre os documentos está a relação completa das emendas incluídas pelo senador no Orçamento Geral da União para a realização de obras em diferentes municípios de Mato Grosso do Sul. Nenhuma das obras foi ou está sendo realizada pela Gautama. Delcídio também apresentou cópia das duas prestações de contas de campanha, tanto a do Senado, em 2002, quanto a do Governo do Estado, em 2006, para as quais a empresa não fez qualquer tipo de doação, além de entregar suas últimas declarações de Imposto de Renda. Cópias da documentação foram enviadas a todos os senadores e agências de notícias, além de estarem sendo disponibilizadas na Internet, no site www.delcidio.com.br , para que qualquer pessoa possa ter acesso.

- Toda minha vida profissional e pública sempre foi transparente. Respeito a população de meu estado e a do Brasil e faço questão de que não pairem dúvidas sobre o meu comportamento, correto, digno e isento – ressaltou o senador.

Delcídio pediu a seu chefe de gabinete, Luís Cláudio Brito, uma varredura completa em todos os ramais de seu gabinete para provar que jamais fez qualquer tipo de ligação telefônica para Zuleido Veras, assim como solicitou extratos de todas as suas contas bancárias, para provar que não recebeu um centavo da Gautama.

O senador considerou “no mínimo estranho” que apenas o nome dele tenha sido o único citado durante as investigações da Operação Navalha, e lembrou que ao longo de sua vida pública vem sendo perseguido por denúncias infundadas.

- Já fui a bola da vez em muitas situações e me lembro que quando assumi a presidência do CPI dos Correios prepararam um dossiê caudaloso. E eu rebati, uma a uma, as questões denunciadas. Depois, durante 11 meses, vasculharam a minha vida, a da minha mulher e até a da minha mãe que está na fazenda, lá no Pantanal, e como era de se esperar, não encontraram nada. Toda vez que lançam esse tipo de denúncia acabam me dando um atestado de idoneidade – afirmou.

Ao encerrar seu pronunciamento, Delcídio lançou um desafio para as pessoas, que segundo ele, insistem em associá-lo a escândalos.

- Se quiserem podem continuar. Meu coro é de pantaneiro, de corumbaense. Estarei sempre pronto - disse.



Apartes

Ao longo de seu discurso, Delcídio recebeu manifestações de solidariedade de vários senadores, entre eles Mozarildo Cavalcanti (PTB/RR), Edson Lobão (DEM/MA), Heráclito Fortes (DEM/PI), Romero Jucá (PMDB/RR), Paulo Paim (PT/RS) e Papaléo Paes (PSDB/AP). Todos foram unânimes em afirmar que o senador sul-mato-grossense é um homem íntegro, que honra o Congresso Nacional e o Brasil, que jamais se envolveria em escândalos de qualquer natureza.

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