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Dekasseguis aquecem mercado imobiliário no Estado

Fernanda Mathias/Campo Grande News - 14 de maio de 2005 - 06:57

Mais conservadores nos investimentos, muitos dekasseguis (descendentes de japoneses que estão trabalhando no Japão) têm aplicado no setor imobiliário em Mato Grosso do Sul. Segundo dados do Projeto Dekassegui, do Sebrae, cerca de 5% da população nikkei (descendente de japoneses) do País estão em Mato Grosso do Sul e é nesta proporção que se estima a participação do Estado no recebimento de remessas dos dekasseguis. No ano passado entraram no Brasil US$ 2,5 bilhões – o que significaria, em tese, US$ 125 milhões entrando em Mato Grosso do Sul.

O consultor do Projeto Dekassegui, Múcio Marinho, acredita que o setor imobiliário esteja entre os principais receptores desses recursos no Estado, tanto em casas próprias como imóveis para aluguel, preferidos em relação a outros tipos de investimento, como aplicações financeiras. Hoje existem no Japão cerca de 290 mil brasileiros, dos quais 70% estão na faixa etária de 18 e 40 anos. Em média, os dekasseguis encaram em média 60 horas de trabalho por semana na terra de seus antepassados.

O Sebrae tenta identificar o perfil associativista dos nikkeis para estimular investimentos coletivos, seja no mercado imobiliário ou outras áreas econômicas. A idéia é aumentar a segurança, potencializar o rendimento e diminuir custos. O presidente do Sindmóveis (Sindicato dos Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul), Gabriel Serafim da Silva, afirma que a participação deste público no mercado imobiliário vem se acentuando nos últimos 15 anos.

“O aluguel do imóvel acaba se revertendo na poupança desses clientes”, afirma.

Além de se lançarem na construção de imóveis para alugar, muitos dekasseguis direcionam os recursos para compra de casas prontas. Muitas transações, afirma Gabriel Serafim, são feitas pela internet enquanto o comprador ainda está no Japão. O imóvel é fotografado na parte interna e também o quadrilátero onde está inserido.

“É um público muito criterioso na escolha do imóvel e que busca principalmente a boa localização”, afirma o presidente do Sindmóveis.

A atenção das imobiliárias a estes compradores é duplamente especial: primeiro pelo próprio potencial, devido à preferência por este tipo de investimento, e segundo, afirma Gabriel Serafim, porque na maioria dos casos a compra é feita com dinheiro e a vista.

Para Emilson Wassano, 28 anos, investir em imóvel o dinheiro que conseguiu juntar durante os sete anos em que ficou no Japão foi uma forma de evitar o caminho que viu muitos colegas tomarem: o da quebradeira. Ele conta que foi trabalhar no exterior quando tinha 18 anos e quando voltou para Campo Grande, aos 25 anos, se viu totalmente perdido. “A gente volta com um pouco de dinheiro, mas não consegue emprego. A única experiência que adquiri lá foi em fábrica de automóveis”, conta.

Sabendo da situação pela qual vários conhecidos passaram por empregar recursos em atividades que já estão saturadas, como abertura de sacolão e mercadinho, Emilson Wassano resolveu comprar terrenos no bairro Monte Castelo e lá construiu seis casas que aluga. “A gente vê muita gente regressando e falindo porque não faz um estudo de mercado. O que eu queria era ter uma renda mensal e resolvi construir casas dentro do padrão que a família brasileira precisa”, diz.

Ele conta que primeiro analisou o que havia no mercado e percebeu muitas quitinetes. Como neste aspecto já estava saturado, resolveu lançar casas de 52 metros quadrados. Vencida a primeira preocupação, de assegurar o sustento no Brasil, Wassano agora estuda para participar de concursos públicos para nível médio.

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