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Crescem "cidades de lona" ao longo da BR-060

Campo Grande News/ Ricardo Campos Jr. - 20 de setembro de 2010 - 10:19

Acampadas às margens da BR-060, famílias montam mais uma cidade de lona com a bandeira sem-terra. Dois grupos se espalham pela rodovia, do lado direito e mais a frente do lado esquerdo, no sentido Campo Grande/Sidrolândia.

No primeiro acampamento, 120 famílias, mais de 500 pessoas, se aglomeram ao sol. Depois de 5 meses em estruturas de bambu, agora eles tentam ficar o menos vulnerável possível da ação do tempo. Os barracos que foram erguidos utilizando bambu, agora são desfeitos para darem lugar a habitações de madeira.

No local, muitas crianças e carros. No fim de semana era possível ver veículos pequenos e camionetes lotando o acostamento. Segundo as famílias, são carros de pessoas que colaboram com os sem-terra.

Entre os acampados a conversa é a mesma, não há previsão de conseguirem terra e deixarem a beira da rodovia. O acampamento tem aproximadamente 11 quilômetros de extensão e no fim de semana 5 homens organizavam o trabalho de reconstrução de barracos.

“Só é difícil se a pessoa quiser”, afirma o acampado Manoel Vicente da Silva Sobrinho, 65 anos, “Se tiver má vontade tudo é difícil. Tem que encarar com fé e coragem”.

O ex-borracheiro é divorciado e mora no acampamento com os dois filhos. Sobrinho diz estar, de certa forma, acostumado com as idas e vindas. Ele nasceu no estado de Alagoas e foi retirante até o interior de São Paulo. Anos mais tarde veio a Campo Grande em busca de melhores condições de vida, diz.

Vulnerável – Quando o acampamento foi criado, o líder do local não chegou a ir morar em um dos pequenos barracos que se enfileiraram às margens da BR-163. O resultado foi a expulsão dele da liderança, garantem os acampados.

O atual líder, Francisco Maciel, 44 anos, conta que grupo é vinculado à Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Mato Grosso do Sul). Ele diz que tomou posse depois que descobriu, “por coincidência”, que não tinha representante nas reuniões com a liderança do órgão.

“Um rapaz daqui foi lá para ver como é que estava processo para assentamento e descobriu que ninguém daqui participava das reuniões”, conta Maciel.

Segundo ele, foi da própria Fetagri a recomendação para que as famílias substituíssem o bambu por madeira. Maciel explica que o bambu é fraco e não suporta a eternite, além de deixar a habitação mais baixa. Desta forma, eles estariam mais suscetíveis à chuva e ventos, por exemplo.

Tudo foi trocado antes que algo pior acontecesse. “Cada um arrumou sua madeira”, conta Maciel.

Reforma Agrária – O acampamento Terra Prometida fica em frente à fazenda Aracoara. O que levou todos ao local foram rumores de que a propriedade estaria sendo negociada para a reforma agrária.

Maciel calcula que eles devem permanecer ali até meados do ano que vem. Até lá, as novas moradias com material um pouco mais resistente que o anterior servirão de abrigo para as famílias acampadas.

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