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Corumbá: presidiários confeccionam fantasias para carnaval

Notícias MS/ Bianca Caruso - 21 de fevereiro de 2011 - 01:34

A escola de samba Império do Morro, da cidade de Corumbá, terá este ano uma ala com 120 peças confeccionadas por internos do Estabelecimento Penal do município (EPC). As fantasias da ala denominada “Os Maias” já foram entregues, e prometem não só contribuir para o quesito alegoria no carnaval do grupo especial, mas principalmente dar um novo rumo para quem está prestes a sair do regime fechado e garantir uma profissão.

A confecção das fantasias foi realizada por internos do presídio de Corumbá que participaram de um curso de capacitação em costura, realizado em parceria com uma empresa de confecção da cidade. Esta iniciativa já qualificou 15 presos que desde o mês de novembro que estão aprendendo diversas técnicas, além de manusear máquinas de costura. “No mês de janeiro eles fizeram essas fantasias que são conhecidas como palas. Utilizaram as técnicas de colagem de pedrarias nas peças que também foram também revestidas de tule. Eles utilizaram também as maquinas de corte e de overlock”, explicou Tânia Maria Aguiar, proprietária da empresa de confecção.

Para chegar à produção final, as peças foram desenhadas pelo carnavalesco da escola de samba e segundo o diretor da Ala “Os Maias”, foi reproduzida fielmente ao que foi proposto. “Eles trabalharam muito bem e atenderam minha expectativa. Comprei o material em São Paulo e tudo foi muito bem aproveitado. As pessoas olham as fantasias e já estão comentando de como ficaram bonitas”, elogiou Walber Pierre Messias.

Para o diretor da ala esta parceria não deve parar apenas na produção das fantasias. “Posso dizer que essa produção para o carnaval me deixou tranqüilo em todo o momento e com certeza há a possibilidade de repetir esta parceria ano que vem. Já até pensei: por que não começarem a produzir também esculturas para carros alegóricos?”, comentou.


Oportunidade

A produção das fantasias é apenas um dos resultados da parceria da empresa de confecção local com a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen). O espaço onde está instalada a confecção foi construído com recursos do Conselho da comunidade local [um grande parceiro nas iniciativas de ressocialização do município], com recursos provenientes de penas pecuniárias. “Agora estamos construindo um outro espaço para o curso de serigrafia, onde já temos a mesa e as tintas”, adiantou a proprietária da confecção, Tânia Maria Aguiar.

A parceria já está rendendo resultados. Além das fantasias, os presos aprenderam a confeccionar camisetas de manga curta e devem passar para as de manga comprida. “Já produzimos nesta oficina 200 camisetas, com uma boa aceitação do público. Cada um fez sua própria camiseta para ser usada como uniforme. Estamos também com um projeto de confeccionar sacolas utilizando tecido de algodão crú e já temos três modelos”, comentou Tânia.

De acordo com a Agepen, deverá haver mais uma parceria para que os internos trabalhem no local e, além de remirem pena, sejam remunerados. Esta parceria deverá dar emprego para 12 internos. A parceria, além de dar trabalho remunerado aos presos, visa à formação de profissionais que possam atuar, futuramente, em suas instalações tão logo ganhem a liberdade. “Conversei com algumas pessoas que tem confecção e me disseram que quando os internos forem para o regime semiaberto vão aproveitar esta mão de obra qualificada. Eu também disse que só vai trabalhar comigo quem realmente quer aprender”, comentou.

O interesse dos internos na produção das peças chamou a atenção da empresária. “Eles com certeza vão sair daqui como verdadeiros profissionais porque são atenciosos e perguntam sobre tudo como a posição que deve ficar a malha, a cava da manga... Isso faz a diferença porque são pessoas interessadas que precisam apenas de uma oportunidade”, finalizou Tânia.


Ressocialização

Para o diretor do presídio de Corumbá, Edinaldo Lemos esta é a oportunidade que faltava para que os internos garantam a ressocialização, e uma profissão no futuro. “No início, o critério para a participação no curso era o disciplinar, mas vimos que precisavam aqueles que tinham mais tempo no presídio para aprender uma profissão e aproveitar lá fora. O comportamento de todos os presos mudou completamente, há harmonia aqui e você percebe a empolgação no curso - e olha que eles ainda nem estão sendo remunerados”, comentou.

Para o interno peruano, L.G.R., a participação na oficina de costura do presídio, além de ajudá-lo a ocupar a mente, está trazendo muitos conhecimentos. “Estou aprendendo nesta oficina a trabalhar com máquinas diferentes e garantir uma profissão quando deixar o presídio\", disse.

O próprio diretor se surpreendeu com exemplos dentro do presídio como o de um rapaz de 26 anos que tinha problema com vícios. “Ele parou de sofrer com os vícios, teve mais disposição porque este curso é um recomeço de vida para todos. É gratificante como diretor ver tudo isso e aqui o tratamento é de humanização”, afirmou.

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