Cassilândia Notícias

Cassilândia Notícias
Cassilândia, Sexta, 26 de Abril de 2024
Envie sua matéria (67) 99266-0985

Geral

Como foi a despedida de Romário

CBF News - 28 de abril de 2005 - 05:43

Romário se preparou para a sua despedida da Seleção Brasileira achando que não iria conter o choro no momento em que fosse substituído. As lágrimas que não conseguiu controlar vieram antes, na execução do Hino Nacional, quando tentou sem êxito segurar a forte emoção.

Foi um momento em que ele extravasou tudo o que viveu nos dias que antecederam o jogo contra a Guatemala. Romário estava ansioso, sem saber ao certo o que poderia acontecer no Pacaembu - de verdade, temia que uma parte da torcida não o recebesse bem, chegasse a vaiá-lo.

Na véspera do jogo foi dormir tarde, o sono custou a vir como ele contou, passou o tempo fazendo planos. Preocupou-se com o tempo, com a redução do público caso chovesse, pedia informações do que aconteceria depois que fosse substituído.

O desejo de dar a volta olímpica

Para tanto, tinha uma idéia fixa: queria dar uma volta olímpica no Pacaembu. Mesmo sabendo que tinha de ser retirar rapidamente do estádio e sob o risco de perder o vôo às 23h50 para o México.

- Vai dar tempo. Saio do jogo, dou a volta olímpica e vou voando para o aeroporto - planejava Romário, que viajou para Guadalajara, onde participa nesta quinta-feira do amistoso revanche contra o time do goleiro mexicano Jorge Campos.

No dia do jogo (quarta-feira), Romário acordou tarde e teve uma surpresa - não chovia, como ele temia, e chegou a aparecer o sol. Às 20 horas, na saída para o Pacaembu, teve mais motivos para ficar animado: na frente do hotel, cercado por uma aglomeração de torcedores, foi saudado com gritos de incentivo.

No curto trajeto até o Pacaembu, acenou para aos torcedores que esperavam pela passagem do ônibus da Seleção, e constatou que a noite estava começando bem - alguém comentou que a previsão do público era muito boa.

- Depois eu digo que eu sou o cara, que Deus apontou para mim, e vocês não acreditam. A previsão era de que iria chover e está uma noite bonita. O Pacaembu vai encher, agora só falta eu fazer gol.

A palavra do capitão no vestiário

No vestiário do Pacaembu, depois de se uniformizar, Romário foi o último a se juntar ao grupo de jogadores que batiam bola. Depois do aquecimento, que durou cerca de 25 minutos, Romário já com a braçadeira de capitão tomou a palavra na tradicional roda de jogadores, da qual participaram os tetracampões Dunga, Branco, Paulo Sérgio e Viola - Raí chegou depois.

- Queria dizer que estou muito feliz de estar aqui com vocês. E também que me sinto orgulhoso de estar me despedindo da Seleção representando esses caras aí (apontando para os companheiros tetracampeões) e dessa comissão técnica. Eles sabem o quanto batalhamos para ganhar o tetra, o quanto foi importante aquele título.

O treinador Carlos Alberto Parreira fez questão de dar também o seu depoimento.

- Me sinto um privilegiado de participar desse jogo. Aqui estão representadas várias gerações de campeões do mundo, a começar pelo Zagallo. Então esse é um momento especial - disse Parreira, antes de se iniciar a oração que os jogadores fazem, abraçados.

O jogo, a vitória e o último gol pela Seleção

A Seleção Brasileira tornou fácil, desde cedo, o jogo contra a Guatemala. Na cobrança de escanteio, aos 5 minutos, Anderson se antecipou e fez 1 a 0 com uma cabeçada.

Os torcedores vibravam a cada boa jogada da Seleção, que como Parreira pediu na preleção explorava com sucesso as jogadas pelas laterais, com Cicinho e Leo, aplaudiam os dribles de Carlos Alberto e Robinho, mas de verdade pareciam mesmo esperar pelo gol de Romário.

Toda vez que o atacante recebia a bola, criava-se a expectativa do chute a gol. Romário chegou a ter uma oportunidade, o goleiro defendeu. Mas o momento do gol não demorou a vir. Aos 17 minutos, em uma saída errada do goleiro, Ricardinho cruzou para a área e Romário subiu para cabecear, fazendo 2 a 0. Na comemoração, mostrou a camisa com que homenageou a pequena Yvy, sua filha que nasceu com Síndrome de Down.

Romário tinha cumprido parte da sua promessa - ele garantiu que marcaria dois gols. Passou a correr atrás do outro, que veio novamente depois de um cruzamento de Ricardinho, mas o juiz anulou alegando impedimento.

Aos 38 minutos, então, o momento de sair chegou. Grafite estava à beira do gramado e Romário foi ao seu encontro para ser subsituído escoltado por Dunga, Branco, Raí, Viola e Paulo Sérgio. Depois vieram a volta olímpica, a ida à Tribuna de Honra para receber uma homenagem da TV Globo, e a descida rápida para o vestiário. Banho tomado, Romário mostrou toda a felicidade que sentia, em meio à pressa em se vestir.

- Foi legal demais. Deu tudo certo. O que mais em impressionou foi o carinho da torcida, não esperava que me apoiassem desse jeito. Acho que a entrevista que dei na terça-feira ajudou - disse Romário, antes de seguir para o Aeroporto de Guarulhos.

No segundo tempo, Grafite completou com um bonito gol, depois de receber passe de Fernandão, o placar de 3 a 0 com que o Brasil venceu a Guatemala. A Seleção Brasileira jogou com Marcos (Rogério Ceni), Cicinho (Gabriel), Anderson, Fabiano Eler (Glauber) e Leo; Magrão (Marcinho), Mineiro, Carlos Alberto (Fernandão) e Ricardinho; Robinho (Fred) e Romário (Grafite).

SIGA-NOS NO Google News