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Célula-tronco inova métodos de pesquisa

Agência Notisa - 05 de agosto de 2005 - 08:52

Os estudos da terapia com células-tronco inauguram uma fase em que primeiro aplica uma técnica para depois ela ser aprimorada. De qualquer forma, os resultados ainda são bastante iniciais e precisam de novos estudos.



O uso de terapia com células tronco, modificadas ou não geneticamente, para doenças cardíacas tem sido noticiado como uma conquista definitiva da medicina. Entretanto, os testes encontram-se em fases iniciais e os resultados precisam ser analisados com cuidado. Esta é a posição que foi defendida pelo professor doutor José Eduardo Krieger na conferência intitulada “Terapia gênica e doenças cardiovasculares”, apresentada hoje à tarde no 13º congresso da Sociedade Brasileira de Hipertensão.



Segundo o pesquisador, independentemente da técnica utilizada, é importante esclarecer que “ainda que haja melhora da performance, por exemplo, do tecido cardíaco após a injeção de células tronco, está em debate quais são os mecanismos que ocorrem para que isto aconteça” o que, ressaltou Krieger, “ainda é desconhecido”.



Para o professor, vale lembrar que células de medula óssea são “velhas conhecidas” dos hematologistas, que utilizam-nas há muito tempo no transplante de medula para o tratamento de doenças hematológicas. Por isso, não se deve ficar espantado que nos procedimentos de utilização da terapia em doenças cardíacas os hematologistas retirem em torno de 100 ml de material da medula por punção ilíaca (aspiração do osso) para, após tratamento in vitro, este material ser injetado no coração. “Um trabalho autorizado pelo Ministério da Saúde e realizado no Incor, em 2002, utilizou 10 pacientes que só podiam fazer, por motivos médicos, revascularização (tipo ponte de safena) parcial. Durante a própria cirurgia de revascularização, esta parte do coração que não podia receber ponte, foi submetida à injeção de material retirado de medula óssea”, disse Krieger.



Tal trabalho tinha por objetivo, de acordo com o pesquisador, avaliar exatamente se a intervenção faria mal ao paciente — não fez — e se causava arritmias, por exemplo — o que não foi observado. As melhoras de rendimento cardíaco que foram identificadas “de qualquer forma não poderiam ser descartadas de se deverem à cirurgia de revascularização, mesmo nos locais que não receberam ponte”, disse ele cauteloso.



Outras pesquisas no mundo e no Brasil têm resultados similares e, agora, o Incor participa do estudo do Ministério da Saúde que está sendo feito com alguns milhares de pacientes para que se possa tentar identificar exatamente “qual é a melhor célula a ser utilizada, em que quantidade, por que via (a perférica, por exemplo), por quanto tempo e quais os efeitos colaterais”, disse Krieger.



De qualquer forma, ele afirma que, do ponto de vista do método científico, tais experimentações são diferentes e se associam aos modelos experimentais que são usados nas investigações da física e da química. “Antigamente, nós, em biologia e medicina desenvolvíamos uma técnica para depois aplicá-la. As experiências com célula-tronco inauguram um processo em que estamos aplicando a técnica em ambiente experimental para depois apurá-la, como fazem os físicos. É promissor, do ponto de vista médico”, disse.



Agência Notisa (jornalismo científico – science journalism)

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