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Cassilândia: Lembranças de Carlos Pulino

Carlos André Prado Pulino é médico oftalmologista - 31 de maio de 2010 - 10:16

ROMA I
É a atual capital da Itália, uma cidade grande, movimentada, com um trânsito caótico, lembrando a cidade de São Paulo durante a semana. Sentimo-nos em casa andando por suas ruas e avenidas, com muita gente trombando nas calçadas, carros buzinando, motoristas nervosos e xingando uns aos outros. Nem parece a Europa. Em alguns pontos da cidade encontramos até camelôs nas calçadas, além de trombadinhas e batedores de carteira, lá chamados de pickpockets. Para quem vai pela primeira vez a Roma, é recomendado muito cuidado ao se tomar o ônibus nº64, que percorre o centro e a rodoviária e passa pelo Vaticano, pois os turistas lotam este ônibus e os trombadinhas ficam a vontade para agir. Numa das minhas idas a Roma, uma pessoa do nosso grupo teve a carteira surrupiada de seu bolso dentro deste coletivo, apesar de estarmos atentos, bem juntos e usando pesados e grossos sobretudos por causa do frio! Outra precaução é com ciganas, que se aproximam aos bandos, inclusive com crianças, rodeiam os turistas como procurando por informação, os distraem e se apoderam sorrateiramente de seus pertences.

Fora tudo isso, Roma nos encanta por seu lado histórico e romântico, com praças e fontes maravilhosas, ruínas antigas, onde grande parte da nossa cultura nasceu e onde o cristianismo ganhou o mundo. É conhecida como a cidade das fontes, tamanho o número delas, em toda parte. Para os romanos, é a Cidade Eterna. “Para onde Roma pender, penderá o mundo”, esta frase nós ouvimos dos próprios italianos numa passeata que presenciamos numa viagem há uns anos atrás.

A história da Roma Antiga é fascinante, tanto pela cultura desenvolvida, como pelo grau de civilização a que eles chegaram. A fundação de Roma, segundo os historiadores, foi o resultado da mistura de três povos que foram habitar a região da Península Itálica: os gregos, os etruscos e os italiotas. Eles desenvolveram na região uma economia baseada na agricultura e atividades pastoris. Começou pequena e chegou a ter 1 milhão de habitantes no século II d.C., um absurdo para a época. Dos romanos herdamos uma série de características culturais, como o direito romano e o latim, que deu origem a língua portuguesa, francesa, italiana e espanhola.

Após dominar toda a Península Itálica, os romanos partiram com sucesso para novas conquistas, ampliando o seu império. No século III a.C., com um exército imenso e bem preparado, venceram os cartagineses, dominaram o Mar Mediterrâneo, a Grécia, o Egito, a Macedônia, a Gália, a Germânia, a Trácia, a Síria e a Palestina. O império romano dominou quase todo o mundo da época, conseguiu expandir seus territórios mais que Napoleão Bonaparte veio a conseguir séculos mais tarde.

Roma, após as conquistas, passou por transformações e enfrentou problemas sociais, que nossos grandes centros urbanos hoje enfrentam. Passou a ser mais comercial do que agrária, os povos dominados foram usados como escravos, gerando desemprego e aumentando o êxodo rural, todos em busca de emprego e melhores condições de vida. Torno-se uma cidade rica com o povo pobre. Daí surgiu a política do Pão e Circo, no intuito de desviar a atenção da população para que não fizessem revoltas. A intenção era oferecer diversão nos estádios, o maior deles o Coliseu de Roma, seu cartão postal até hoje.

Visitamos o Coliseu, sobrou mais da metade da arena, que servia de teatro e era palco de lutas, com capacidade estimada de 50.000 lugares. Ao entrarmos, temos a impressão de estarmos dentro de um grande campo de futebol, mas conhecendo as histórias do local, sentimos certo aperto, certa tristeza, pois muitos sofreram e foram mortos ali.

O centro de Roma é todo cheio de ruínas e restos das antigas construções: Coliseu, Foro Romano, Senado, vários templos, a Coluna Aureliana, o Cárcere Mamertino, e vários outros monumentos, que podemos percorrer a pé.
A Coluna Aureliana é um monumento de quase 30m de altura, no centro da Praça Coluna, e foi construída por ordem do imperador Marco Aurélio, entre 189 e196 d.C. Ela é oca, possui uma escada em caracol com 190 degraus, que permite o acesso ao alto. Por fora ela é toda especial, pois está envolvida por uma seqüência de esculturas, em espiral, descrevendo e contando em detalhes os acontecimentos da guerra germânica e da sarmática, celebrando as vitórias nestas guerras.

Caminhando em meio às ruínas da cidade, deparamos com uma pequena fonte, mais uma bica, com uma inscrição informando que ela existia ali há mais de mil anos! Filas de turistas e visitantes se formavam para beber de sua água. Enquanto aguardávamos a nossa vez ficamos discutindo e imaginando quem e quantas pessoas já teriam, ao longo destes anos, tomado daquela água. Não dá para imaginar!

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