Pesquisa realizada em Itapema (SC) mostra que dos 590 animais analisados, 10,5% estavam infectados pelo Leptospira spp., podendo ser uma importante fonte de transmissão ao homem.

A leptospirose é uma das principais zoonoses do mundo. No Brasil, sua incidência aumenta principalmente no verão em decorrência de chuvas e alagamentos de áreas urbanas, sendo comum a ocorrência de surtos em épocas de maior precipitação pluviométrica. De acordo com dados da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, foram confirmados, no período de 1980 a 2003, 53.354 casos de leptospirose no país. Somente no Estado de Santa Catarina, foram registrados no período 2.523 casos de leptospirose. A doença acomete tanto animais domésticos quanto silvestres e também o homem. A transmissão ocorre por meio do contato com água contaminada por espiroquetas (microrganismos) que são eliminadas na urina de ratos, gatos, cães e outros animais. Nesse sentido, pesquisadores da Universidade do Sul de Santa Cantarina resolveram determinar a soroprevalência de Leptospira spp. na população canina no balneário de Itapema (SC).

De acordo com artigo publicado na edição de novembro/dezembro de 2005 dos Cadernos de Saúde Pública, “foram utilizadas amostras séricas de 590 cães de rua, da zona urbana do município de Itapema, que foram capturados pela vigilância sanitária da cidade no período de agosto de 2000 a maio de 2005. De cada animal foi colhida uma amostra de 10ml de sangue, que foi analisada no Laboratório de Análises Clínicas da universidade”.

A equipe verificou que a soropositividade para leptospirose nos cães de rua de Itapema foi de 10,5%, quando consideradas reações para quaisquer dos sorovares (cepas) utilizados como antígeno. Das 590 amostras analisadas, 528 (89,5%) foram negativas e 62 (10,5%) foram positivas para um ou mais sorovares. Segundo os pesquisadores, semestralmente são coletados cerca de cem cães que vivem nas ruas da cidade de Itapema. “Como demonstrado no trabalho, estes animais são fontes potenciais para a disseminação de leptospiras para o ambiente, e conseqüente infecção humana”, afirmam no artigo.

Dessa forma, eles ressaltam a importância da identificação de cães errantes infectados por Leptospira spp.: “a prevalência da leptospirose em cães varia consideravelmente entre áreas e entre países, sendo mais elevada em regiões tropicais. Os resultados desse estudo podem servir de alerta aos órgãos de saúde pública e à população, para um maior controle desses animais”.

Agência Notisa (jornalismo científico - science journalism)