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Artigo: Trânsito, álcool e impunidade

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - 30 de maio de 2008 - 08:57

Os órgãos especializados revelam que os acidentes de trânsito ocorridos durante um ano no Brasil custam R$ 28 bilhões e que, no mesmo período, o passivo humano é de 34 mil mortos, 100 mil deficientes temporários e 400 mil feridos. Revelam ainda que 75% dos acidentes estão associados ao uso indevido de bebidas alcoólicas. É uma formidável soma de dinheiro aplicada em reparos, sofrimentos incalculáveis e uma estatística que envergonha o país, colocado economicamente entre os primeiros do mundo, mas sem a administração correta de salubridade no cotidiano de sua população.

A questão do motorista alcoolizado é tão antiga quanto a presença do automóvel entre nós. O aumento do número de veículos e de indivíduos com acesso ao automóvel - transformado em instrumento de trabalho, status e até paixão – agrava geometricamente o perigo. Tanto que, nas últimas décadas, dificilmente se encontra alguém que não tenha perdido um parente ou amigo em acidente de trânsito. Muitos estudos e discussões ocasionais e pouca solução servem apenas para agravar a crise e transformar o caótico trânsito numa verdadeira guerra civil cujas batalhas estão disseminadas por todas as vias públicas do país e até fora delas, pois há casos onde o veículo vai matar o homem dentro de sua casa ou local de trabalho.

A legislação que regula o trânsito brasileiro é fraca em conseqüências. Dificilmente o mau motorista sofre represálias legais equivalentes aos danos que causa por dirigir embriagado ou de maneira imprópria. O número de brechas e de recursos à disposição daqueles que podem pagar um bom advogado é infinito e sustenta sua impunidade, evitando que pague até por erros grosseiros e facilmente evitáveis.

O Poder Legislativo e o próprio governo têm insistido em proibir a venda de bebidas alcoólicas em rodovias, quando deveriam cuidar de fiscalizar e punir com rigor o motorista que bebe, tanto na estrada quanto na cidade. Já que o álcool é lícito no país, o que se deve combater é a sua irresponsável conjunção com o volante. E quando ela ocorre, o infrator deveria ser preso em flagrante e permanecer recolhido até o julgamento, já que, dirigindo sob o efeito alcoólico, pode provocar acidentes, matando inocentes e até morrendo.

Se tivesse a certeza de que ao ser surpreendido bêbados ao volante irá diretamente para a cadeia, o motorista evitará beber e, se beber, não sairá com o veículo. Essa simples providência reduziria drasticamente os acidentes em rodovias e nas próprias cidades onde, principalmente os jovens, vão de automóvel à “balada” e, ao final dela, trafegam rumo à morte e ao infortúnio próprio e de terceiros.

O Brasil precisa tratar o trânsito com mais seriedade. Tem de cuidar melhor das vias públicas, habilitar adequadamente os motoristas e – principalmente – acabar com a impunidade. Isso é tarefa para governos e legisladores que, infelizmente, nunca a cumpriram...



Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – diretor da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

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