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Geral

Artigo: Satisfação de professora

Terezinha Tagliaferro, de Malta - 16 de novembro de 2011 - 09:52

Se voce é, ou foi professora, como eu, conhece os sentimentos que nos une aos nossos alunos, principalmente com os de classe primaria.Nos passamos muitas horas diarias com eles e isto é inevitavel. Por incrivel que pareça, nos recordamos melhor daqueles que nos deram mais trabalho.

Uma vez, na época de Festas Juninas, eu pedi ao sr. Joaquim de vir marcar a quadrilha com as crianças.Ele ja era de idade e ficava todo feliz quando era convidado pra essa finalidade, pois se sentia util.O Sr. Joaquim era aquele tipo que nos normalmente chamamos de “um sr. de cor”. Quando estava perto da hora marcada pra ele chegar eu disse ao meu aluno Carlinhos pra dar uma olhada no jardim se tinha um sr. de cor la sentado.Ele foi, logo depois, ele voltou e me disse: “Tia, esqueci de perguntar de que cor ele é.”

Pois é, se for escrever tudo o que eles aprontavam, uma ano nao seria suficiente.

Porém hoje, quero lhes contar do Armando e do Celso.Eram dois irmaos.Vieram do sitio e os pais alugaram uma casinha na periferia da vila, onde ficava a nossa escola.O Celso ficou na minha classe, de quarto ano, enquanto o Armando vinha no curso de adultos do SESI. No mesmo prédio funcionava a Escola Paroquial durante o dia eo SESI a noite e eu era professora nos dois cursos e como estava sempre por ali encontrava sempre os dois.Eles eram muito timidos, mas gostavam de falar comigo.O Celso tinha idade para o quarto ano, mas o Armando, por falta de escola no sitio, estava bem atrasado, por esse motivo entrou no curso de adultos.Os dois tinham aparencia envelhecida, pois o trabalho de roça judia um pouco da pessoa, e também, por qualquer outro problema de saude, ja haviam perdido a metade dos dentes.Penso que , era justamente por estes motivos que eles se comportavam timidamente.

Durante o recreio ou apos as aulas, eles sempre me contavam a luta pela sobrevivencia.Eram trabalhadores e gente boa, se notava.

Por nao encontrarem trabalho logo de inicio, o pai comprou 3 carrinhos de pipoca.O pai saia com um, outro para o filho mais velho e o terceiro era do Armando, que estacionava logo no portao da escola,tanto de manha como a tarde.Foi com ele que aprendi a fazer um molho de pimenta delicioso.Ele sempre tinha um vidro no carrinho pra quem gostasse de pipoca apimentada, nao muito forte.

Assim fui acompanhando a vida deles, sempre desejando que eles superassem todas as dificuldades e que poderiam ter um futuro de maior conforto

Passaram-se os anos, por varios motivos me ausentei da cidade por alguns anos e quando retornei, um dia entrando num banco, escuto falar atras de mim: Oi, Tia!.Logo pensei: sobrinhos nao tenho, deve ser algum ex-aluno.Quando me giro e vejo, mal conheci, mas era o Armando.Voces nao imaginam a minha felicidade.Ele era funcionario do banco, havia arrumado os dentes, estava muito bem vestido.Muita coisa havia mudado para melhor.O que me deixou mais feliz foi que a essencia, o bom coraçao que ele possuia continuava o mesmo.Era como encontrar um filho porque eles fazem parte da vida da gente.

E ai, eu fico refletindo: Pra ajudar uma pessoa nao precisa ser rico,basta ser gentil, demosntrar interesse por aqueles que estao ao nosso lado, procurando se util naquilo que nos é possivel.Compreensao é um ingrediente indipensavel.

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