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Artigo: Quando um pequeno gesto basta

Terezinha de Jesus Tagliaferro, de Malta - 04 de novembro de 2011 - 09:08

No ultimo ano de religiosa, trabalhei numa escola no interior de S.Paulo.Era uma Escola Paroquial subvencionada pela prefeitura e tinha na direçao uma religiosa da minha congregaçao.

Certo dia, veio falar comigo uma das substitutas da escola.Ela chorava tanto que foi preciso acalma-la para depois entender o que havia acontecido.Era um desses problemas do dia – a – dia, que certas vezes, a incompreensao fala mais alto e deu no que deu: a diretora havia dito que ela deveria apenas terminar o semestre e estava dispensada.O que ninguém sabia é que ela estava gravida e contava com aquele trabalho.Esta situaçao a deixou desesperada, pois era uma pessoa que ja havia sofrido muito na vida.

Eu, era muito jovém, uma vida sermpre dentro do convento,sinceramente nao entendia a que ponto era grave.Hoje, entendo melhor.

So uma coisa podia fazer, ouvi-la com bondade e foi o que fiz.Me recordo que usei a famosa frase que todos nos conhecemos: Ha males que vem pra bem.Muitas vezes o nosso progresso depende dos reveses da vida.De fato, expliquei pra ela que nao podia interferir nas decisoes da diretora.

Depois, me recordei que havia no bolso um terço muito bonito, que havia acabado de ganhar.Tinha vindo da Terra Santa, contas de oliveira, proprio de onde Jesus viveu.Era o que eu possuia de maior valor.Movida pela compaixao em relaçao a minha colega, decidi dar a ela e lhe disse: “ Vou lhe dar o bem material mais precioso que possuo.Procure rezar todos os dias, mesmo sem vontade e deixa que Jesus e Sua Mae, farao o resto e cuidarao de tudo.”

No final daquele ano deixei a vida religiosa mas continuei dando aula na mesma escola.

Nao encontrei mais a minha colega, mas fiquei sabendo que ela havia prestado concurso pra inspetora de alunos e como foi aprovada, lhe foi dado um serviço na cidade de Marilia.O marido dela que era bancario, pediu transferencia e eles haviam mudado para que ela pudesse assumir o novo trabalho.

Anos se passaram, um dia, estava com meu marido e minha filha, que ja tinha um aninho, num supermercado na minha cidade, quando vejo que uma pessoa me olhava intensamente.Até meu marido percebeu e me disse que deveria ser alguém que me conhecia.Mais tarde, num dos corredores cruzei com ela novamente.Entao, a reconheci e fui cumprimenta-la.Ela ficou surpresa e me disse que estava tentando ter certeza que era eu, pois, como estava sem o “habito” de religiosa, era muito diferente.

Quando ela teve certeza, chorou emocionada e me disse o seguinte:” Rezei muito na intençao de encontra-la um dia.Todos os dias me recordo de voce, sabe como? Colocou a mao na bolsa e tirou o terço que eu havia regalado”.Até eu fiquei feliz de ter feito alguma coisa de bom.

Conversamos um pouco enquanto nossos maridos também aproveitaram para se conhecerem.

Pois é, fatos da vida.Ela havia feito mais progresso do que se estivesse continuando na minha escola.E por isso que se diz: “Ha males que vem pra bem.” As dificuldades da vida sao degraus , através dos quais, nos alcançamos a perfeiçao.



Terezinha de Jesus Tagliaferro

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