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Artigo: Qual a importância do dólar no dia-a-dia do brasileiro?

*Rogério Tenório de Moura - 31 de janeiro de 2011 - 16:33

O cidadão comum muitas vezes se pergunta sobre o porquê da moeda norte-americana valer mais que a nossa. Para início de conversa não é só uma questão de canetaço, se fosse assim bastaria que o governo brasileiro estabelecesse a paridade do Real com o dólar e tudo estaria resolvido, mas a questão não é tão simples assim.
Há alguns anos, a Argentina adotou o padrão dólar, onde 1 peso valia 1 dólar. Ao tornar o peso tão forte quanto a moeda americana, a Argentina passou a perder exportações, pois o preço dos produtos daquele país passaram a ficar caros demais para os consumidores americanos. Resultado: recessão, desemprego e perda de autonomia monetária, pois ao equiparar o peso ao dólar, o Banco Central da Argentina transferiu para o BC dos EUA a responsabilidade de fixar o preço do peso e ignorou as peculiaridades internas do mercado argentino.
É por essas e outras que concordo com a máxima liberal do Laissez Faire. Creio piamente que o mercado, com suas contingências e particularidades regionais, é capaz de regular a si mesmo. Na prática isto significa dar poder ao povo, pois em última instância, via consumo, é o povo quem regula o mercado.
No entanto, o padrão monetário internacional é o dólar. É por causa das variações cambiais que observarmos alterações significativas no padrão de vida de pessoas que deixam nosso país. É por causa dele que tantos brasileiros, por exemplo, deixam o Brasil todos os anos para estudar medicina na Bolívia. Não é que tal curso lá seja barato. Lá, como cá, trata-se de um curso destinado à elite, ao menos nas instituições particulares. Porém nosso real é muito valorizado frente ao boliviano, moeda daquele país. Assim, na conversão das moedas, é possível para filhos de simples funcionários públicos brasileiros, da noite para o dia, conquistarem o padrão de vida de “filhinhos de papai”.
Todas as moedas do mundo, inclusive o Euro, oscilam segundo o valor do dólar. Se você for ao Chile e pagar em reais, o lojista chileno pegará uma tabela e converterá seus reais em dólar. É assim no mundo todo. Todos os bancos centrais procuram fazer com que suas moedas valham menos que o dólar, a desvalorizam, pois assim seus produtos de exportação ficam mais baratos e ganham competitividade.
Já no caso do Euro, que vale mais que o dólar, a situação é um pouco diferente. É aí que entra a questão das particularidades regionais de que falei. A União Européia tem poder de compra, seu mercado consumidor interno é imenso, trata-se de países com relativa estabilidade econômica, crescimento sustentável e proteção significativa dos empregos e dos direitos do trabalhador. É um grande importador, tanto de matéria-prima quanto de produtos acabados, sobretudo do BRIC (bloco dos países emergentes mais representativos no mundo: Brasil, Rússia, Índia e China). É exatamente por isso que pode superar o dólar como padrão de troca global nos próximos anos. Exagero? Quem diria, antes do fim da 2ª Guerra Mundial, que o ouro deixaria de servir de lastro para as moedas de todo o planeta, incluindo o dólar?!
A nossa situação é a seguinte: o Governo FHC deixou um câmbio excelente para o exportador, o real era barato frente ao dólar, então era interessante importar de nós, fazer turismo no Brasil... só que dentro do governo Lula, essa relação vem caindo. O real valia R$ 3,5258 por dólar em janeiro de 2003. Hoje vale R$ 1,68; ou seja, valorizou-se 109%. Isso, na prática, significa que os produtos importados do Brasil ficaram mais que o dobro mais caros só por causa do câmbio! Quando isso acontece, perdem-se exportações, empregos e impostos dentro do país. E aí, será que estamos realmente no caminho certo?!

*Rogério Tenório de Moura é licenciado em Letras pela UEMS, especialista em Didática Geral e em Psicopedagogia pelas FIC..





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