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Artigo: Os novos paradigmas do processo educacional

Rogério Tenório de Moura - 19 de fevereiro de 2008 - 07:55

OS NOVOS PARADIGMAS DO PROCESSO EDUCACIONAL


Para se analisar os novos paradigmas é preciso antes mergulharmos, ou ao menos flutuarmos, sobre um resgate histórico de grandes pensadores que, de uma forma ou de outra, acabaram por se tornar agentes multiplicadores de conceitos e práticas que são aplicadas até nossos dias.
Rosseau considerava que o ensino e a aprendizagem se dão através da valorização do indivíduo, o professor deveria deixar de ser o intelectual e moralista deixando o aluno em liberdade para aprender o que lhe convém. Isto seria saber respeitar o processo natural de cada indivíduo, onde o acesso ao conhecimento se dá justamente ao contrário da época, onde a Igreja e o Estado impunham doutrinas.
Já Lutero considera que a educação deveria ser planejadora, assim como a natureza é, pois nada se faz fora do tempo. Os professores deveriam procurar respeitar o processo natural na produção de conhecimento, prevenindo os acasos com prudência. A escola deveria deixar de ser mais verbal, ou seja, de fazer lavagem cerebral e ser mais prática e ativa. Todos teriam o direito à educação, independentemente de ser rico ou pobre, preto ou branco, pois o homem faz parte da natureza e natureza é vida.
John Dewey acreditava que a educação era do tamanho do mundo que o educando conhecia, quanto mais experiência adquirisse, maior seria seu mundo. O homem, segundo Dewey, independente da idade, está sempre buscando novas experiências, acumulando novos conhecimentos e, assim, expandindo seu mundo.
Para Moacir Gadotti a educação se esforça para mostrar aos educandos que o homem atua a partir de como ele enxerga o mundo. É através do diálogo que se busca o conhecimento, desta forma o professor também aprende com o aluno, o qual deverá ter noção de uma ciência aberta às necessidades populares, deverá ser curioso e inovador. É preciso saber viver em sociedade, pois a Terra tornou-se nosso único endereço. Saber tratar as dificuldades que a própria sociedade cria é primordial. A educação é uma prática libertadora. Educar-se é adquirir possibilidades de produzir e construir conhecimentos.
Perrenoud considera a ação do homem como sendo formada a partir dos conhecimentos que são adquiridos no decorrer do tempo através do acúmulo de experiências e na formação escolar. Nesse momento o professor se destaca por colocar em prática suas habilidades e competências em transformar o conhecimento dos livros em uma realidade vivida pelos alunos. A escola desempenha o papel de colocar o aluno para agir, ou seja, fazê-lo adquirir conhecimentos com competência, tornando-se agente no processo educativo, objetivando atingir o conhecimento científico.
Independente das considerações sobre a educação serem feitas por este ou aquele pensador, a conclusão que se chega é a de que devemos caminhar para uma escola aberta, flexível, onde os conhecimentos devem ser transmitidos em parceria com o conhecimento do aluno. Se culpamos tanto o modelo educacional vigente como inoperante, está na hora de construirmos uma escola com mais sabor, com mais cheiro e em um local onde se produza realmente conhecimento.
Dessa forma, considerando o conhecimento como algo flexível, vulnerável e em constante processo de transformação, o professor deverá seguir na mesma linha de transformação, buscando sempre estabelecer uma relação extremamente atualizada, humana e interativa de forma que valorize a cultura do aluno, transformando-o em agente de produção e não somente como um receptor das informações transmitidas pelo professor.
A humanidade em sua trajetória na história buscou novos conhecimentos para tentar compreender o sentido da vida e sua própria existência. Ao longo desse processo, a sociedade passou por profundas mudanças e o ensino adquiriu um caráter social múltiplo, ao ponto de ser considerado como um grande agente de transformação. Nesse contexto, torna-se necessário definir-se como professor, aquele que consegue alinhavar essas mudanças à realidade e compreender a formação humana.
O professor ao assumir a responsabilidade de uma sala de aula, deve ter conhecimento sobre o tema e uma abordagem global, transformar o complexo em simples para a compreensão do aluno e transmitir com clareza e simplicidade o conteúdo, buscando sempre uma reflexão de forma que a prática interaja as teorias às práticas externas, organizando o pensamento e contribuindo para que o conhecimento auxilie na compreensão do sentido da existência, através dos ideais que cada disciplina transmite, sejam humanas, exatas ou biológicas.

Rogério Tenório de Moura
é licenciado em Letras pela UEMS,
especialista em Didática Geral e em
Psicopedagogia pelas FIC.

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