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Artigo de Rogério Tenório de Moura: comunicação

Rogério Tenório de Moura - 06 de fevereiro de 2008 - 08:51

O PAPEL DA COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE EMPRESARIAL

A informação é unilateral, ou seja, exige apenas transmissão. A informação é a matéria prima da comunicação, mas existe independente da comunicação.
Enquanto que a comunicação é um processo bilateral, exige transmissão/recepção. Quando o receptor interpreta a informação, realiza-se a comunicação.
Em tempos de Internet, onde prevalece a informação rápida e qualificada, a comunicação truncada não tem vez. Os especialistas continuam com a razão: a empresa ou o ser humano que não se comunica, ou tem pouco para contar ou tem muito para esconder. Em qualquer uma das situações expostas, ele estará sujeito a desvantagens em seus negócios.
Hoje, as empresas sabem que comunicar não é apenas um dever, mas um fator estratégico para conseguir alcançar o sucesso de seus negócios e a conquista da opinião pública.
Não menos importante do que a simples divulgação de produtos ou serviços, a comunicação é poderosa ferramenta para a empresa dialogar com a sociedade, dar satisfação de seus atos e conhecer expectativas, é um instrumento fundamental para construir e solidificar a imagem empresarial.
Uma política de comunicação clara e definida é reconhecida como fator estratégico para o sucesso da corporação.
A princípio, pode parecer fácil implantar uma política de comunicação em uma empresa. Mas não basta definir princípios e traçar estratégias. Criar e implantar uma política de comunicação é uma tarefa árdua antes de tudo, e quase sempre, é preciso mudar mentalidades e a própria cultura da empresa, não apenas da alta direção, mas principalmente, da média gerência.
Quando se fala em mudança de mentalidade, pode-se imaginar uma empresa como a Volkswagem, com cerca de 400 diretores, gerentes e supervisores, pessoas que, de alguma forma, controlam as informações em suas áreas. Em muitos casos, sentem-se donas das informações ou inseguras por terem de compartilhá-las. Ainda há o medo de que a divulgação possa prejudicá-las.
No oposto a isso, outros entendem que informação é o poder e querem usá-la para atender a seus projetos pessoais, mais do que aos interesses corporativos.
Essas mentalidades têm que mudar para que os funcionários de uma corporação, em todos os níveis, entendam a importância da comunicação para a empresa. É preciso haver a consciência de que a informação tem valor estratégico para empresa e faz parte do negócio.
A política de comunicação de uma empresa deve ser norteada por alguns princípios e o principal deles é a consciência do dever de informar à sociedade sobre suas atividades. A corporação precisa respeitar o direito democrático e universal à informação.
Recomenda-se que a comunicação esteja calcada em elementos centrais da cultura administrativa que se transformam na percepção de como fazer, com que métodos, de que modo e sob a orientação de quais valores. Considera-se boa à comunicação em uma empresa, quando se define objetivos claros, busca recursos humanos adequados às tarefas a serem executadas, empenha-se na motivação das pessoas, sabe buscar e compartilhar as estratégias mais adequadas para atingir os fins visados e, ainda, avalia e divide resultados.
Embora pareça ser uma tarefa simples, não é, existem muitas dificuldades, porque implica a gestão de pessoas, de processos e de resultados, o que impõe, de cara, alguns obstáculos. Algumas grandes corporações historicamente não exercitam a preocupação com seus relacionamentos internos; relacionamentos que têm com complicador o fato de o público interno não ser composto por grupos homogêneos. Eles dividem-se em vários segmentos com características e objetivos, se não divergentes, no mínimo diferentes. Há grande diversidade de linguagem, de filosofia, de idade, de nível de escolaridade, de competências e de valores. Nessa diversidade residem os muitos entraves de relacionamento entre os níveis ascendente, descendente e horizontal.
As empresas estão vivenciando momentos de insatisfação generalizada, em todos os níveis e serviços. Insatisfação com as políticas salariais adotadas, com os critérios de avaliação implantados, com a perda do sentimento de pertença e tantos outros. Exercitar o diálogo e direcioná-lo para o alcance da satisfação com o trabalho, com a convivência interna e com outros anseios são desafios dos comunicadores das empresas no plano interno.
Existe dentro das empresas, o que se pode chamar de português corporativo, uma linguagem que muitas vezes parece mais um enigma, que os funcionários fingem entender, o que faz gerar várias contradições e conseqüentemente prejudica o andar da comunicação na empresa.
As redes informais de comunicação interna trabalham basicamente com o nível de confiança nas relações de trabalho entre os funcionários de uma empresa. Trata-se de um sistema de comunicação invisível, mas muito poderoso e que é ignorado por muitos executivos.
Baseia-se no fato de que as pessoas se sentem confortáveis em trabalhar com colegas em quem confiam. Essa confiança é uma força real, não palpável, que mantém as pessoas unidas em redes de relacionamentos, ou seja, você fala com as pessoas em quem confia e divide determinadas informações com elas. Enquanto que seu comportamento muda em relação às pessoas em quem você não confia. A confiança é importantíssima, porque é por meio dela que o conhecimento flui, ou não, pela organização.
Existem diferentes redes informais de comunicação de cada profissional dentro de uma empresa, que não correspondem à estrutura hierárquica, mas que podem ser muito mais poderosas que ela.
Para identificar as redes informais de comunicação interna em uma empresa, deve ser proposto que cada funcionário responda um questionário com cinco ou seis perguntas.
- Com quem você conversa sobre a rotina de seu trabalho?
- Com quem você discute novas idéias?
- A quem você recorre quando precisa se aprofundar num assunto?
- Quem você procura para discutir mudanças nos processos?
- Quem você procura, dentro ou fora do escritório, para saber o que está acontecendo na empresa?
- Com quem você costuma conversar sobre sua carreira e sobre o futuro ?
O objetivo é fazer com que dêem o nome dos colegas que costumam procurar para discutir diferentes assuntos. Esses círculos informais de conversas formam as diferentes redes. Por meio delas identificamos o nível de confiança que existem nas relações de trabalho, e assim conseguimos identificar o fluxo de informações na empresa.
O diagnóstico da comunicação permite a criação de estratégias de gestão das dificuldades, de alterações eficientes do modo de planejar e alocar as pessoas certas nos lugares mais adequados a seus perfis. Nos momentos de insatisfação generalizada no ambiente das empresas, os comunicadores podem contribuir com diretores, chefes e todo o corpo de funcionários, no sentido de educá-los para o convívio no trabalho, para a participação e o envolvimento.

Rogério Tenório de Moura
é licenciado em Letras pela UEMS,
especialista em Didática Geral e em
Psicopedagogia pelas FIC.

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