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Artigo: A moderna internet e a velha malandragem

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves* - 25 de novembro de 2009 - 09:11

A internet, poderosa ferramenta que revoluciona o mundo, também abriga dissabores. É grande o número de usuários que relatam terem sofrido golpes através desse meio eletrônico. Contas bancárias invadidas, despesas indevidas lançadas no cartão de crédito e, mais recentemente, compras em que fazem o pagamento mas não recebem a mercadoria. Internautas do mais alto nível têm caído nesses golpes e começam a procurar a polícia em busca de solução. A fraude mais recente é a clonagem de páginas de um afamado portal de vendas para a intrusão de vendedores falsos, que desaparecem com o dinheiro da clientela.

Todas essas ocorrências não constituem novidades no meio policial. Sempre que surge uma nova ferramenta, ela recebe as mais diferentes utilizações e fatalmente também serve aos propósitos dos criminosos. Assim é com todas as coisas. O dinheiro, por exemplo, com todo o rigor tecnológico empregado na sua produção, é largamente falsificado em todas as partes do mundo. Documentos públicos e privados – especialmente escrituras – que sustentam algum valor econômico também são copiados e utilizados para fraude. Carros fortes, bancos, empresas e residências são roubadas

No passado, o criminoso mais comum era o batedor de carteiras, hoje praticamente extinto. A crônica policial registra “causos” como o do espertalhão que “vendeu” a Estação da Luz (em São Paulo) a um caipira que ali desembarcou. Conta-se a mesma estória sobre Edifício Martinelli, monumentos, estádios, pontes e grandes viadutos que constituem ícones em São Paulo e em outras capitais, igualmente “vendidos” por estelionatários. É a criatividade e a esperteza aproveitando-se da boa fé e, muitas vezes, da ganância dos mais simplórios. Caso típico da venda de bilhetes premiados, golpe dos mais antigos, aplicado diariamente em diferentes pontos do pais, especialmente em idosos.

A ferramenta nova, independente de sua função, exige cuidados. Não se pode esquecer que a maioria dos crimes é praticada com o uso dos recursos técnicos e sociais que o homem desenvolveu para o seu bem-estar. Os criminosos apenas mudam seu foco da ação para o ilícito. Daí a necessidade do poder público e os prestadores de serviços criarem as defesas – inclusive na área policial - e de toda a comunidade usuária estar consciente de que, assim como a moeda tem cara e coroa, todas as coisas, até as mais sofisticadas, têm seu pólo positivo e, também, o negativo.

As compra, a movimentação bancária e os milhares de serviços hoje disponibilizados via internet constituem um avanço e contribuem para o conforto da população. Mas há que guardar cautela para não se tornar presa fácil dos sucessores de Amleto Meneguetti, Ronald Biggs, Luz Vermelha e de outros facínoras que no passado povoaram as páginas policiais, pois, mesmo sem internet, caixa eletrônico ou rede de computadores de alta velocidade, já assaltavam, enganavam, roubavam e cometiam os mais variados delitos.

A malandragem é a mesma. O que muda é a tecnologia. Toda atenção é pouco...



Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves* – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

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