A CPI Mista dos Correios aprovou ontem, por 19 votos a 1, o pedido de prisão preventiva do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. O objetivo é evitar que o empresário possa destruir documentos necessários às investigações, impedir que ele influencie outras testemunhas ou que venha fugir do País, além de preservar sua integridade física. A solicitação será encaminhada para análise do Ministério Público, que poderá fazer ou não o pedido à Justiça.
O requerimento aprovado na CPMI, assinado por mais de 20 parlamentares, também solicita a indisponibilidade dos bens de Marcos Valério. Somente o deputado Nelson Meurer (PP-PR) manifestou voto contrário, observando que o empresário tem colaborado com a Justiça e prestado seus depoimentos, além de possuir residência fixa em Belo Horizonte.

Documentos e encontros
O relator da CPMI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), observou que a prisão preventiva é uma medida drástica. "O Marcos Valério diz que não foi ele, mas a verdade é que documentos importantíssimos para a investigação, justamente do período investigado, estavam sendo incinerados", comentou.
Osmar Serraglio também lembrou a possibilidade de o empresário ter se encontrado com o tesoureiro licenciado do PT, Delúbio Soares, para construir a versão de que o dinheiro nas contas das agências de publicidade se refere a empréstimo feito para o partido.

Quebra de sigilos
Também foi aprovada pela CPMI a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de todas as empresas de Marcos Valério e de sua mulher, Renilda Santiago de Souza, desde 1997. A comissão aprovou ainda a quebra do sigilo de Valério e de suas empresas no Banco de Brasília (BRB) desde 2003.
Foi aprovado requerimento para que o Coaf disponibilize cópias do relatório de saques acima de R$ 100 mil feitos no BankBoston. Outros 17 requerimentos que solicitam documentos foram aprovados por consenso na CPMI.
A CPMI elegeu nesta manhã o deputado Carlos Abicalil (PT-MT) para coordenar uma sub-relatoria que vai analisar todos os contratos referentes às investigações.

Depoimentos
A CPMI decidiu adiar os depoimentos da funcionária da SMPB Simone Vasconcelos e do policial civil David Rodrigues Alves para a próxima quarta-feira (3). Os depoimentos estavam previstos para terça-feira. Os dois são apontados como responsáveis pelos maiores saques das contas das empresas de Marcos Valério, totalizando mais de R$ 10 milhões.
Com isso, a agenda da CPMI de terça-feira (2) será dedicada à votação de requerimentos sobre os quais não há acordo entre governo e oposição, como o que convoca o ex-ministro-chefe da Casa Civil deputado José Dirceu (PT-SP). No mesmo dia, Dirceu prestará depoimento no Conselho de Ética da Câmara.



Reportagem – Carolina Nogueira e Mônica Montenegro
Edição – Pierre Triboli