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Geral

Amor e política não combinam

*Frederico Mattos - 22 de abril de 2015 - 16:00

Um fenômeno muito curioso é notado por produtores de conteúdo, sejam jornalistas, blogueiros ou formadores de opinião, em especial aqueles que se dedicam a falar sobre relacionamentos amorosos. Parece existir uma diminuição de interesses em temáticas românticas quando o clima político fica mais acirrado na esfera pública.

É curioso notar que muitos líderes de seitas evitam que casais se formem para que eles se concentrem no "objetivo maior" daquele grupo e a idealização romântica fique concentrada naquele líder carismático em detrimento de desejos pessoais. O ego pessoal parece ficar eclipsado quando um ego coletivo é formado.

Existem três motivos psicológicos para que isso aconteça:

1º Algo coletivo toma uma proporção muito grande e distrai as pessoas das aflições típicas dos relacionamentos, como o medo de rejeição. Além disso, ela parece implicar algo que está distante e longe de sua própria responsabilidade de mudança. A mudança política parece acontecer lá fora (mesmo que seja um processo de mão-dupla), enquanto o relacionamento amoroso denúncia os problemas pessoais imediatamente.

2º O sentimento de justiça e injustiça pode incitar um ódio e esse garantir uma proteção mais "certeira" que o amor não oferece, afinal, uma relação é muito passível de oscilações emocionais. Casais que são abalados por algum tipo de injustiça familiar ou crime e se concentram em alguma causa de forma obstinada tendem a se desconectar emocionalmente.

3º A rivalidade política ativa núcleos oposicionistas da personalidade que estavam diluídos nos sentimentos românticos. A oposição e Eu versus Outro que cria pequenas paranoias ciumentas no relacionamento amoroso são transferidas para a esfera pública, ou seja, a pessoa passa a investigar, desconfiar dos atores políticos da esfera pública.

Isso não quer dizer que a pessoa deva eleger um caminho de militância e envolvimento político ou de dedicação amorosa, mas no que se referem às forças internas, essas energias podem ficar divididas desproporcionalmente.

É válido ressaltar que algumas pessoas podem ficar alienadas da esfera política ao se debruçarem cegamente em seus desejos românticos pessoais, mas o inverso também acontece. Então, o equilíbrio é sempre um caminho para que nada na vida se sacrifique com prejuízo para todos nós.

* Frederico Mattos é consultor de relacionamento do ParPerfeito, psicólogo, escritor e blogueiro

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