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Aldeia em Caarapó dribla falta de terras

Spensy Pimentel/ABr - 14 de março de 2005 - 09:00

(MS) – Na aldeia de Tey Kue, em Caarapó (264 km a sudoeste de Campo Grande), os Guarani e Kaiowá mostram que a organização política e comunitária tem sido a saída para diminuir os problemas sociais nas aldeias enquanto as terras indígenas na região continuam insuficientes para a prática da agricultura tradicional.

Os índios em Caarapó estão divididos em 881 famílias, vivendo em 3594 hectares, uma média de pouco mais de 4 hectares por família. O antropólogo Fábio Mura, que trabalha com os guarani e kaiowá há quinze anos, considera que são necessários pelo menos 40 hectares para que uma família sobreviva no sistema de agricultura tradicional indígena.

A Tey Kue organiza, desde 1997, o Fórum Indígena, um evento anual, na semana em que se comemora o Dia do Índio, em 19 de abril, para debater os principais problemas enfrentados pela comunidade e angariar aliados para enfrentá-los. "Tudo que é importante a gente traz pra ser parceiro nosso: Ministério Público, universidade, prefeitura, governo do estado", explica a professora kaiowá Renata Castelão, 34, uma das organizadoras do evento.

O resultado, conta ela, aparece nos projetos que a comunidade tem conseguido realizar por meio de parcerias. O Poty Reñoi, por exemplo, beneficia hoje 100 adolescentes da aldeia com uma bolsa mensal de R$ 50. É uma maneira de mantê-los na escola quando chegam a 12 ou 13 anos, quando aparecem as propostas de trabalho nas usinas de álcool e fazendas da região.

"O dinheiro é dado pra mãe e ela entrega tudo para eles. Eles compram roupas, tênis, precisa ver como se orgulham de se cuidar, ficar bonitos", conta Renata. A aquisição desses bens de consumo é reconhecida pelos índios como um dos principais fatores que levam os meninos para os trabalhos fora das aldeias e conseqüente abandono da escola.

O projeto inclui ainda atividades culturais e o ensino de técnicas agrícolas tradicionais – por meio do incentivo à pesquisa junto aos guarani e kaiowá mais velhos.

A Tey Kue mantém ainda o projeto Monsarambihara ("semeador", em guarani, segundo a professora), que incentiva os jovens a plantarem hortas e árvores frutíferas em volta de casa, como forma de aumentar a segurança alimentar das famílias.

Além disso, estão sendo desenvolvidas ações de reflorestamento nas microbacias na área, e quatro tanques de piscicultura têm fornecido pescado para as famílias – e, de quebra, locais para banho muito apreciados pelas crianças.

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