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Alcides Silva: Língua portuguesa, inculta e bela!

Alcides Silva - 29 de fevereiro de 2008 - 10:15

Bissexto

Bissexto é o dia que se acrescenta no mês de fevereiro à contagem do ano solar, em intervalo regulares de quatro anos, exceto nos anos de número múltiplo de 100 que não seja também múltiplo de 400. Como neste ano, por exemplo.
Isso tudo surgiu em razão das contas matemáticas feitas pelo astrônomo alexandrino Sosígenes, a quem o imperador Júlio César, 46 anos antes do nascimento de Cristo, encomendou a reforma do calendário romano, que era, então, de completa confusão. O calendário, a partir de 1º de janeiro de 45 aC, passou a ter 365 dias, distribuídos em 12 meses, com o acréscimo de um dia no final de fevereiro, de quatro em quatro anos, para a exatidão do ano solar.
Mas os latinos não contavam os dias dos meses como nós o fazemos, na ordem seqüencial progressiva, desde o primeiro até o último dia de cada mês, de 1º a 30, por exemplo.
Para o nosso entendimento, era bem complicada a contagem que os romanos faziam dos dias. Eles possuíam três datas fixas nos meses, e delas se utilizavam como ponto de referência para a contagem dos demais dias. As datas fixas eram as calendas (primeiro dia do mês), as nonas (quinto dia do mês, exceto em março, maio, junho e outubro, quando era o sétimo) e o idus (o dia 15 nos meses de março, maio, junho e outubro e o 13 dos demais meses).
Partindo dessas datas fixas, contavam os dias regressivamente, de trás para frente. O último dia de fevereiro, por exemplo, diziam que era ‘o segundo dia a contar das calendas de março’, ou seja, a véspera de 1º de março: ‘Pridie Kalendas Martias, como então se escrevia e falava. O penúltimo dia de fevereiro era o terceiro a contar das calendas E assim sucessivamente, até chegar à segunda data fixa do mês, que era os idos (dia 13, no caso de fevereiro).
No ano bissexto, os romanos não inseriam o dia que se deve acrescentar depois do dia 28 de fevereiro, como o fazemos, mas depois do dia 24, como o segundo dia 24 do mês. Como o dia 24 era o sexto dia antes das calendas, o dia intercalado era chamado de ‘bi VI antedie calendas martias’, ou em tradução livre “o segundo dia sexto anterior a 1º de março". Assim, o nosso dia 29 de fevereiro, no ano em que era acrescido ao calendário chamava-se, como acima já referido – desculpe o latinório - de Pridie Kalendas Martias (pridie, véspera); o penúltimo dia de fevereiro (28) era o Tertius dies ante Kalenda Martias; o dia 27 era o Quartus dies ante Kalenda Martias; o dia 26 era o Quintus. o dia 25, o Sextus e o nosso dia 29 (lá, dia 24), o Bis Sextus dies ante Kalenda Martias: bissexto dia antes das calendas de março. Do dia 23 até o idos (13 de fevereiro), a contagem regressiva era normal.
O fato de o dia 29 de fevereiro ser chamado de bissexto, porque só ocorre de quatro em quatro anos, deu ao termo uma outra significação: tudo aquilo que, nas artes, acontece de vez em quando com regularidade é bissexto. Por exemplo, o poeta, o músico, o pintor ou o escritor que se dedica excepcionalmente a esse lavor, produzindo pouco, é chamado, em razão dessa escassez, de bissexto.
Há uma segunda versão para a origem da palavra bissexto: se tal data ocorre de quatro em quatro anos, porque bi (que é dois) e sexto (que é seis)? A justificação é simplista e fantasiosa: o ano bissexto tem 366 dias, número em que o algarismo “6” aparece duas vezes, por isso ‘bissexto’.

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